Portugal Colonial - Chefe da Polícia do Haiti diz confiar em força internacional para combater gangues

Chefe da Polícia do Haiti diz confiar em força internacional para combater gangues
Chefe da Polícia do Haiti diz confiar em força internacional para combater gangues / foto: Richard PIERRIN - AFP/Arquivos

Chefe da Polícia do Haiti diz confiar em força internacional para combater gangues

Enquanto a guerrilha urbana entre as gangues se intensifica, o diretor da Polícia do Haiti, Frantz Elbé, disse à AFP esperar que a força multinacional aprovada pela ONU possa ajudar seus serviços a combater com maior eficácia o "terror generalizado" provocado por estes grupos armados.

Tamanho do texto:

Com um ano de atraso, o Conselho de Segurança deu luz verde, no início de outubro, a uma missão internacional de mil homens, encabeçada pelo Quênia, para viajar a este país caribenho, cujo presidente, Jovenel Moïse, foi morto em 2021 e onde a violência das gangues não para de aumentar.

A Polícia Nacional Haitiana (PNH) "não foi criada para enfrentar a guerrilha urbana de grupos criminosos armados", explica Elbé, que assumiu o cargo há dois anos e respondeu às perguntas da AFP por e-mail.

No entanto, hoje precisa enfrentar "vários focos de gangues que têm um arsenal de guerra, conexões com redes mafiosas e criminosas transnacionais e grandes recursos financeiros", continua.

- Fuzil de assalto -

O Haiti sofre há anos com uma profunda crise econômica, política e de segurança, que fortaleceu o controle das gangues. Estes grupos armados controlam cerca de 80% da capital, Porto Príncipe.

Os abusos cometidos por seus membros, mais numerosos e mais bem armados do que antes, se intensificaram ainda mais no ano passado, com estupros usados como armas de terror, franco-atiradores nos telhados, pessoas queimadas vivas e extorsão mediante sequestro.

A insegurança obrigou milhares de pessoas a fugirem de casa e surgiu, inclusive, um movimento de autodefesa.

"Há cerca de quinze anos, os bandidos eram equipados com uma pistola, um revólver", afirma Elbé. Hoje, "estão armados com fuzis de assalto".

É certo que a polícia pôde "realizar operações que levaram à detenção de vários suspeitos de pertencer a gangues" e "outros ficaram mortalmente feridos em trocas de tiros com a polícia".

A polícia "também apreendeu uma quantidade importante de armas e munições".

Mas o país vive em meio a um "terror generalizado", devido à "guerrilha urbana" das gangues, explica, e o número de policiais especializados na luta contra este tipo de grupos é muito pequeno.

"Por este motivo, a chegada de uma força multinacional, robusta, especializada e dissuasória poderia acompanhar a Polícia Nacional do Haiti em operações em larga escala para desmantelar os grupos armados", afirma Elbé, nomeado pelo atual primeiro-ministro Ariel Henry.

O alto funcionário espera que esta missão, "que certamente será dotada de material e equipamentos vinculados especificamente às operações", possa ajudar a polícia haitiana a realizar suas operações de forma mais eficaz".

- Missão suspensa -

Elbé espera especialmente que a força consiga "realizar sessões conjuntas de treinamento e simulação com as unidades especializadas da PNH", assim como apoiar estas últimas "no processo de desmantelamento das quadrilhas e consolidação das áreas conquistadas pela polícia".

Além disso, aposta em que mandato da força internacional lhe permita realizar uma "transferência de tecnologia" e de equipamento para a PNH ao final de sua missão.

A luz verde para uma força internacional chefiada pelo Quênia gerou discussões. Enquanto seus detratores neste país do leste da África a consideram perigosa e inconstitucional, o presidente queniano, William Ruto, afirma que se trata de uma "missão para a humanidade" no país, segundo ele, devastado pelo colonialismo.

Ruto destacou a longa experiência do Quênia em missões de manutenção de paz.

Na semana passada, um tribunal queniano ao qual a oposição recorreu suspendeu temporariamente o plano do governo de enviar agentes de polícia ao Haiti ou a qualquer outro país até 24 de outubro.

X.Brito--PC