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ONU: violência contra os trabalhadores humanitários não dá trégua
Às vésperas do Dia Mundial Humanitário e do 20º aniversário do atentado contra a sede da ONU em Bagdá, que matou várias pessoas, incluindo o diretor da missão, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, a Organização das Nações Unidas informou que mais 60 trabalhadores humanitários morreram desde o início de 2023.
O Dia Mundial Humanitário, celebrado em 19 de agosto, será mais uma vez marcado pelo luto: 62 trabalhadores humanitários morreram nas crises que abalam o planeta, 84 ficaram feridos e 34 foram sequestrados, segundo os dados provisórios do relatório "Aid Worker Security Database", da Humanitarian Outcomes.
O Sudão do Sul é considerado, há vários anos, o país mais inseguro para esta profissão de alto risco. Até 10 de agosto foram registrados 40 ataques contra funcionários do setor humanitário, com 22 trabalhadores mortos, informou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitário (OCHA).
Em segundo lugar apare o vizinho do norte, Sudão, com 17 ataques trabalhadores humanitários e 19 vítimas fatais desde o início do ano, um número que não era registrado desde o pior momento do conflito de Darfur, entre 2006 e 2009.
Também foram registradas vítimas na República Centro-Africana, Mali, Somália, Ucrânia e Iêmen.
Um total de 444 trabalhadores humanitários foram vítimas de ataques no ano passado, com 116 mortos, contra 460 ataques e 141 vítimas fatais em 2021.
"Os riscos que enfrentamos vão além da compreensão humana", afirmaram as ONGs Médicos Do Mundo, Ação Contra a Fome e Handicap International em um relatório financiado com ajuda da União Europeia.
Mais de 90% das vítimas de atentados são cidadãos locais, segundo a Organização Internacional para a Segurança (INSO).
Em 2023, o Dia Mundial Humanitário recorda os 20 anos do atentado suicida de 2003 contra a sede da ONU no Hotel Canal de Bagdá, Iraque, que matou 22 funcionários da organização.
Quase 150 pessoas - funcionários locais e estrangeiros que ajudavam nas ações de reconstrução do Iraque - ficaram feridas em um dos ataques mais violentos contra a ONU.
"O Dia Mundial Humanitário e o atentado contra o Hotel Canal sempre serão, para mim e para muitos outros, uma ocasião para emoções confusas e ainda cruas", disse Martin Griffiths, secretário de Assuntos Humanitários da ONU.
"A cada ano morrem no cumprimento do dever quase seis vezes mais trabalhadores humanitários que os que faleceram naquele dia sombrio em Bagdá, e em sua grande maioria são trabalhadores humanitários locais", lamentou Griffiths, para quem "a impunidade por estes crimes é uma cicatriz" na consciência coletiva.
Apesar dos desafios de segurança e de acesso aos locais, os trabalhadores humanitários iniciaram uma campanha para destacar seu compromisso permanente e ajudar as comunidades.
Com o aumento das crises no planeta e o crescimento das necessidades humanitárias, a ONU e seus parceiros tentam ajudar quase 250 milhões de pessoas em situação de risco, 10 vezes mais do que em 2003, lembra a organização.
F.Carias--PC