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Negociações entre Colômbia e ELN são abaladas por suposto complô contra procurador
A denúncia do Ministério Público da Colômbia sobre um suposto plano da guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) para assassinar o procurador-geral da Colômbia, Francisco Barbosa, abalaram as negociações de paz entre o governo do país e os rebeldes nesta quarta-feira (9), após um recente cessar-fogo bilateral.
O Ministério Público disse em comunicado na terça-feira (8) que tinha informações sobre guerrilheiros que estariam sendo treinados na Venezuela para atacar Barbosa com franco-atiradores.
O ELN negou nesta quarta que tivesse elaborado um plano para assassinar Barbosa e garantiu que se trata de uma tentativa de desestabilizar as negociações de paz, iniciadas em novembro.
"É falsa a notícia do procurador Barbosa. Com ela, ele tenta sabotar o processo de diálogo entre o Governo e o ELN", disse a delegação negociadora da guerrilha na rede social Twitter, agora chamada de X.
O grupo guerrilheiro escreveu a palavra "FALSO" em letras vermelhas, em cima do texto do Ministério Público.
Segundo a denúncia do MP, cinco lideranças rebeldes se reuniram em julho na Venezuela para iniciar a operação que tem como alvo o procurador-geral, um dos maiores críticos da política de negociações com organizações armadas do presidente de esquerda Gustavo Petro.
Segundo a imprensa local, um desses comandantes é Eduardo Galvis, que em 1999 participou do sequestro de um avião em pleno voo.
Em Belém do Pará, onde acompanha Petro em uma cúpula na Amazônia, o chanceler colombiano, Álvaro Leyva, pediu para "esclarecer a verdade" e disse que poderia ser uma conspiração contra as negociações.
"Temos que averiguar muito a fundo porque pode perfeitamente ser uma bomba contra o processo de paz", disse o ministro a repórteres.
A oposição, que desaprova um possível desarmamento do ELN para fazer política, pediu o fim das negociações que ocorreram em Caracas, Havana e Cidade do México.
As partes planejam se reunir novamente na capital venezuelana a partir de 14 de agosto, mas ainda não está claro se a agenda está mantida.
- Denúncia -
Cercado por guarda-costas, Barbosa se reuniu pela manhã com a cúpula das Forças Armadas e com o ministro da Defesa, Iván Velásquez.
"Pensamos que com toda a cautela, mas com absoluta responsabilidade, temos de avaliar toda esta informação e realizar os trabalhos correspondentes", disse o titular da pasta no final do encontro.
O MP informou nesta terça-feira que a inteligência das Forças Armadas e de seus escritórios especializados emitiu um alerta sobre um possível atentado do ELN.
Barbosa, por sua vez, se limitou a agradecer o apoio do governo e dos militares por "poder esclarecer cada uma das informações que deram origem a uma investigação judicial".
O principal negociador do governo, Otty Patiño, garantiu à rádio W que esta é uma denúncia sensível que requer investigações. E que se fosse confirmada, o ELN "estaria violando os princípios mais básicos do direito humanitário internacional", acrescentou.
Alarmados com a denúncia de Barbosa, integrantes do partido de oposição Centro Democrático pediram o fim das negociações de paz.
"Como fazer as pazes com um grupo que ameaça assassinar o Procurador da República!", exclamou o ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010).
A deputada Paloma Valencia, por sua vez, recomendou a "suspensão nas negociações com o ELN", que segundo números oficiais, tinha pelo menos 5.800 guerrilheiros em 2022.
Os negociadores da guerrilha, a mais antiga das Américas, com quase 60 anos, e do governo se reuniram na semana passada em Bogotá. O encontrou coincidiu com a assinatura de um cessar-fogo bilateral por seis meses.
Na segunda-feira (7), o comandante das Forças Armadas, o general Helder Giraldo, afirmou que está investigando seis possíveis violações da trégua por parte do ELN.
A.Magalhes--PC