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Conflito com a China teria 'consequências desastrosas', diz chanceler de Taiwan
Uma invasão chinesa de Taiwan teria "consequências desastrosas" para o mundo, afirmou nesta quarta-feira (2), em entrevista à AFP, o ministro taiwanês das Relações Exteriores, Joseph Wu, citando como exemplo a importância estratégica da ilha para a indústria de semicondutores e para o comércio marítimo.
Essa advertência de Wu é feita a poucos meses da eleição presidencial em Taiwan, que será realizada em um contexto de crescente pressão militar e política da China. Pequim afirma que Taiwan faz parte de seu território e prometeu, em diferentes momentos, retomar a ilha - usando a força, se necessário.
"O que temos que fazer é explicar à comunidade internacional que, se houver um conflito envolvendo Taiwan, isso terá consequências desastrosas para o resto do mundo", disse Wu.
As consequências comerciais de um conflito em uma área seriam enormes, já que mais de 50% dos navios mercantes do mundo circulam pelo estreito de 180 quilômetros que separa a China de Taiwan.
Além disso, Taiwan tem, na prática, um monopólio na produção de semicondutores, uma peça crucial na economia moderna para fazer funcionar desde as máquinas de café até as armas complexas, como mísseis e infraestrutura de defesa.
“Imagine a interrupção da cadeia de suprimentos”, insistiu o ministro.
Wu destacou que este período eleitoral foi marcado por campanhas de desinformação "mais sofisticadas" para influenciar esta ilha de 23 milhões de habitantes.
O Partido Progressista Democrático (DPP), da presidente Tsai Ing-wen, é visto como um governo mais próximo dos Estados Unidos do que a oposição da legenda Kuomintang.
- 'Taiwan pode ser o próximo' -
As relações entre Taiwan e China se deterioraram desde a eleição de Tsai em 2016, e Pequim se recusa a conversar com Taipei. A atenção global sobre as tensões neste estreito disparou no ano passado, algo que Wu diz se dever à invasão russa da Ucrânia.
"Taiwan pode ser o próximo", disse ele, citando a possibilidade de uma invasão chinesa em 2027.
Fontes americanas acreditam que a China não tem capacidade militar para lançar uma operação dessa envergadura antes desta data.
Taiwan está atento à situação política interna da China depois da ausência e posterior anúncio da demissão de Qin Gang como ministro das Relações Exteriores.
"Este é um clima em que temos que ser muito cuidadosos ao comentar. Não queremos ser o bode expiatório dos problemas chineses", afirmou Wu.
Em meio às tensões, Taiwan agradece pelo apoio moral e financeiro, como o pacote de US$ 345 milhões (R$ 1,6 bilhão na cotação atual) anunciado pelo Pentágono esta semana. Mas Taiwan "não conta com os Estados Unidos para travar uma guerra" em seu lugar.
"Entendemos que esse é nosso lugar, esse é nosso país, essa é nossa soberania e nosso modo de vida democrático (...) Portanto, defender Taiwan é nossa responsabilidade", frisou Wu.
"Não vamos abrir mão disso por nada neste mundo", concluiu.
J.Oliveira--PC