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Policía dispersa manifestação em Bagdá contra profanações do Alcorão na Europa
A polícia iraquiana dispersou neste sábado (22) um protesto de centenas de apoiadores do influente líder religioso Moqtada al-Sadr em Bagdá, contra as recentes profanações do Alcorão na Europa.
A manifestação foi convocada após relatos da imprensa sobre uma profanação do livro sagrado do Islã na Dinamarca.
Na sexta-feira, o movimento de extrema direita Danske Patrioter postou um vídeo em sua página no Facebook de um homem queimando um suposto exemplar do Alcorão e pisoteando uma bandeira iraquiana.
Contatada pela AFP, a inspetora-chefe adjunta da polícia dinamarquesa, Trine Fisker, confirmou que houve uma "pequena manifestação" em frente à embaixada iraquiana e que um livro foi queimado, mas não pôde confirmar se era o Alcorão.
Na Praça Tahir, no centro da capital iraquiana, centenas de manifestantes se reuniram por volta da 1h de sábado (19h de sexta-feira em Brasília), cantando "Sim, sim, ao Alcorão" e exibindo retratos do líder religioso xiita Moqtada al-Sadr, segundo um fotógrafo da AFP.
A polícia havia bloqueado o acesso à Zona Verde, que abriga instituições governamentais e embaixadas, mas os manifestantes tentaram entrar à força.
Alguns conseguiram passar, mas foram dispersados pelos policiais com cassetetes e gás lacrimogêneo, de acordo com uma fonte de segurança, que pediu anonimato. Segundo esta fonte, os manifestantes tentavam chegar à embaixada dinamarquesa.
Em outro incidente, o Conselho Dinamarquês para os Refugiados (RDC) denunciou um "ataque armado na madrugada deste sábado" contra as instalações da ONG perto de Basra, no sul do Iraque, que causou danos materiais, mas não deixou vítimas.
- Crise diplomática e condenações -
Na quinta-feira, partidários de Sadr incendiaram a embaixada sueca em Bagdá.
Estocolmo foi palco de duas profanações recentes do Alcorão, a primeira no final de junho e a última na quinta feira, ambas protagonizadas pelo refugiado iraquiano Salwan Momika, de 37 anos.
Esses eventos causaram uma grave crise diplomática entre a Suécia e o Iraque, que expulsou a embaixadora sueca.
O Ministério das Relações Exteriores do Iraque condenou neste sábado em nota "a profanação do sagrado Alcorão e da bandeira iraquiana em frente à embaixada do Iraque na Dinamarca".
"Esses atos odiosos não podem ser vistos como liberdade de expressão e liberdade de manifestação", acrescentou.
No entanto, reafirmou "seu total compromisso com a Convenção de Viena" e garantiu que "o governo iraquiano é responsável pela proteção e segurança das delegações diplomáticas".
"Não podemos permitir que o que aconteceu na embaixada do reino da Suécia seja reproduzido", acrescentou.
O Irã também condenou o incidente em Copenhague.
"O governo dinamarquês é responsável por prevenir insultos contra o sagrado Alcorão e tudo o que é sagrado para o Islã, e deve tomar medidas legais para punir aqueles que os insultam", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanani, em comunicado.
O Guia Supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, pediu à Suécia que entregue Momika "à Justiça dos países islâmicos".
Sadr condenou as profanações do Alcorão, mas foi enigmático sobre o que acontecerá com as mobilizações.
"As palavras já não servem para nada", escreveu no Twitter o líder que já demonstrou no passado a sua capacidade de mobilizar milhares de manifestantes.
Os incidentes na Suécia provocaram uma onda de condenações, com manifestações na sexta-feira no Iraque, Teerã e Líbano.
A polícia sueca afirmou que autorizou os atos em nome da liberdade de reunião, mas que isso não significa sua aprovação.
M.A.Vaz--PC