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Biden aceita se reunir nos EUA com primeiro-ministro de Israel
Após meses de tensão, o presidente americano Joe Biden aceitou, nesta segunda-feira (17), reunir-se com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no final deste ano nos Estados Unidos, mas não quis especificar se o encontro se daria na Casa Branca.
A proposta de reunião, feita na véspera da visita de alto nível do presidente israelense Isaac Herzog à Casa Branca, alivia a tensão entre Biden e um líder político que, segundo ele, encabeça "uma das coalizões mais extremistas" dos últimos 50 anos.
Esta será a primeira reunião deste tipo desde que Netanyahu voltou ao poder no final do ano passado. Um retorno que enfureceu Washington com suas polêmicas reformas judiciais e expansões de assentamentos judeus em território palestino ocupado.
O gabinete do premiê israelense afirmou que Biden o convidou durante uma chamada telefônica e que o encontro seria "em breve, nos Estados Unidos".
"O primeiro-ministro aceitou o convite e ficou acordado que as delegações israelense e americana coordenem os detalhes". Mas a nota de Washington sobre o telefonema, publicada muito depois da declaração israelense, não mencionava a reunião nem o convite.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, declarou aos jornalistas que "há um acordo para uma reunião, provavelmente antes do fim do ano", talvez "no outono" boreal.
Mas Kirby não quis dizer se isso significava um convite à Casa Branca ou para uma reunião em outro lugar. Estão sendo resolvidos "todos os detalhes, o onde e o quando", limitou-se a dizer.
- Governo 'extremista' -
A relação entre Estados Unidos e um de seus aliados historicamente mais próximos piorou desde a ressurreição política de Netanyahu no comando de um governo de extrema direita em dezembro.
Em sua entrevista coletiva, Kirby disse que Biden e Netanyahu vinham tentando acertar o telefonema desta segunda "há várias semanas".
As tensões entre os dois chefes de governo se dão principalmente por causa da polêmica iniciativa de Netanyahu de reformar o Poder Judiciário, o que desencadeou meses de protestos nas ruas pelo que os opositores consideram um ataque à democracia israelense.
Na semana passada, o Parlamento israelense adotou, em primeira leitura, uma medida-chave da reforma que pretende anular a possibilidade de o Poder Judiciário se pronunciar sobre a "razoabilidade" das decisões governamentais.
No telefonema desta segunda, Netanyahu disse a Biden que o projeto de reforma da Justiça seria aprovado na próxima semana e que ele tinha a intenção de "conseguir amplo apoio público para o resto da reforma", informou seu gabinete.
Segundo o resumo do telefonema divulgado pela Casa Branca, Biden "expressou preocupação pelo crescimento contínuo dos assentamentos judaicos" e "ressaltou a necessidade de tomar medidas para manter a viabilidade" de um futuro Estado palestino junto a Israel.
Sobre as reformas judiciais, "Biden reiterou [...] a necessidade de um consenso o mais amplo possível", e ressaltou que "os valores democráticos compartilhados sempre foram e deverão continuar sendo um marco distintivo da relação entre Estados Unidos e Israel", acrescenta o texto.
No começo de julho, Biden declarou à CNN que Netanyahu está "tentando solucionar [...] seus problemas existentes em relação à sua coalizão". É "um dos gabinetes [...] mais extremistas que já vi", afirmou.
Ao ser questionado sobre os motivos de não ter convidado Netanyahu, Biden respondeu que Washington tem "outros contatos", como Herzog.
O governo Netanyahu sustenta que a reforma judicial é necessária para garantir melhor equilíbrio de poder. Em uma reunião do gabinete nesta segunda, Netanyahu disse que seu governo estava "lutando para manter Israel como um país judeu e democrático".
Contudo, o consentimento de Biden para a reunião com Netanyahu não significa "que tenhamos menos preocupações sobre essas reformas judiciais, ou menos preocupações sobre algumas das atividades e comportamentos extremistas de alguns membros do gabinete de Netanyahu", esclareceu Kirby.
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A.Magalhes--PC