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Tsipras anuncia que vai deixar a liderança do partido de esquerda grego Syriza
Alexis Tsipras, o líder da oposição de esquerda na Grécia, anunciou nesta quinta-feira (29) que vai deixar o comando do partido Syriza, após a grande derrota eleitoral sofrida no domingo para a poderosa formação de direita Nova Democracia, de Kyriakos Mitsotakis.
Ex-primeiro-ministro em plena crise financeira e migratória - de 2015 a 2019 - e líder de seu partido desde 2009, Tsipras, de 48 anos, decidiu jogar a toalha e anunciou eleições internas, para as quais não será candidato.
"Há momentos em que precisamos tomar decisões cruciais", declarou à imprensa em Atenas, depois de uma reunião do conselho executivo do Syriza.
"Um ciclo termina e outro deve começar para o nosso partido, que precisa de renovação e grandes reformas", declarou.
Ao anunciar os primeiros resultados parciais das eleições legislativas na tarde de domingo, Tsipras admitiu um "resultado negativo" para o seu partido e falou da "necessidade de tomar decisões difíceis".
Syriza recebeu apenas 17,83% dos votos (48 cadeiras no Parlamento) e ficou mais de 20 pontos atrás do partido Nova Democracia - sem conseguir ao menos a pontuação de 20% conquistada na votação anterior em 21 de maio.
Seu partido ocupa o segundo lugar depois do ND, de direita, que alcançou um melhor resultado nas últimas décadas com 40,55% dos votos, garantindo 158 assentos dos 300 do Parlamento unicameral grego.
- Reflexão antes de decidir -
Em sua derrota anterior, de 21 de maio, Tsipras admitiu ter pensado em desistir, mas finalmente decidiu "continuar a batalha". Muitos analistas estimaram então que seus dias à frente do Syriza estavam contados.
"Eu tenho o hábito de não tomar uma decisão de cabeça quente. Refleti durante três dias para tomar uma decisão com sangue frio", explicou Tsipras, conhecido por ser um político de esquerda na Europa que combateu na Grécia as políticas de austeridade durante a crise financeira de 2015.
Após um duro confronto com os credores do país, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional - que ameaçaram retirar a Grécia da zona do euro - o ex-primeiro-ministro terminou cedendo a rígidas regras de austeridade antes de alcançar uma saída da crise e a recuperação econômica do país.
O ex-comunista se abriu para a centro-esquerda e conseguiu novamente ganhar as eleições de setembro de 2015.
"Quando fui eleito chefe do partido, com 34 anos, Syriza era um pequeno partido de esquerda (...) antes de se tornar a principal formação progressista da Grécia", recordou nesta quinta Tsipras, primeiro líder da esquerda radical no poder em seu país e na Europa.
Porém, sua mudança política lhe custou a perda de muitos apoiadores antes de sua primeira derrota para a direita de Kyriakos Mitsotakis nas legislativas de 2019.
"A prioridade agora é o novo Syriza, a qualidade de nossa democracia, a resistência ao ND e a frente contra a extrema direita e o neofascismo que conseguiram espaço no novo Parlamento", destacou o ex-primeiro-ministro.
Com a derrota do Syriza, as eleições de domingo se caracterizaram por uma guinada à direita do Parlamento grego e pela eleição de deputados de três pequenas formações nacionalistas e de extrema direita.
S.Caetano--PC