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Torres e Arévalo, dois velhos conhecidos da política guatemalteca
Dois velhos conhecidos da política guatemalteca, a ex-primeira-dama Sandra Torres e Bernardo Arévalo, filho de um presidente que marcou a história do país, disputarão a Presidência da Guatemala, após o primeiro turno da eleição realizado no domingo (25).
- Sandra Torres, a ex-primeira-dama -
Sandra Torres é a ex-esposa do falecido presidente social-democrata Álvaro Colom (2008-2012), que apoiou a Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (CICIG), um organismo endossado pela ONU que funcionou como uma Pprocuradoria paralela e desvendou casos notórios de corrupção, entre 2007 e 2019.
Nascida em 5 de outubro de 1955 no município de Melchor de Mencos, no norte, Sandra é formada em Comunicação e empresária do setor têxtil. Em 2002, divorciou-se de seu primeiro marido, com quem teve quatro filhos, antes de se envolver na política.
Juntou-se à Unidade Nacional de Esperança (UNE), um partido de centro-esquerda que levou Colom ao poder e que ela agora lidera.
"Lembrem-se que as mulheres são boas administradoras. Esticamos o dinheiro em casa e eu vou esticar no governo", diz a ex-primeira-dama, de 67 anos.
Em 2003, ela se casou com Colom. Em 2011, divorciou-se dele para poder disputar a Presidência e não infringir a norma constitucional que impede que familiares próximos dos presidentes em exercício sejam candidatos. A Justiça rejeitou sua candidatura.
Ela foi detida em 2019 por suposto financiamento irregular na UNE, mas o caso foi arquivado em 2022.
Torres foi derrotada por Jimmy Morales na eleição de 2015 e pelo atual presidente, Alejandro Giammattei, em 2019. Neste ano, porém, mostrou-se certa de conseguir derrotar qualquer rival neste segundo turno.
""Com quem for (o segundo turno) vamos ganhar", declarou a ex-primeira-dama na noite de domingo.
Um grande desafio para ela é a rejeição, que atinge 41,4% dos eleitores, segundo pesquisa do jornal Prensa Libre.
- Bernardo Arévalo, filho do presidente -
O sociólogo e deputado federal Bernardo Arévalo, que surpreendeu no primeiro turno, é filho do presidente Juan José Arévalo (1945-1951), que deixou sua marca no país.
Sobre seus ombros recai o legado de seu pai, que se tornou o primeiro presidente democrático após décadas de ditadura e acabou com os 13 anos de regime do caudilho Jorge Ubico, um admirador de Hitler que submeteu indígenas maias a trabalhos forçados.
Ele nasceu em Montevidéu, no Uruguai, em 1958, devido ao exílio de seu pai na América do Sul e na França, depois que Jacobo Árbenz foi deposto em 1954 por uma invasão arquitetada pelos Estados Unidos.
Árbenz foi o herdeiro do governo progressista de Arévalo, uma década na qual foi criado o Instituto Guatemalteco de Seguridade Social, deu-se autonomia à Universidade Pública de San Carlos e aos municípios e foi permitido o voto de mulheres e analfabetos. Também nesse período foi construído um porto no Caribe, e outro, no Pacífico; uma rodovia para ligar a capital ao Atlântico e competir com a ferrovia da poderosa United Fruit Company.
Bernardo Arévalo, de 64 anos, morou principalmente na França e no México e chegou à Guatemala aos 15 anos. Foi vice-chanceler em 1994-1995 e embaixador na Espanha entre 1995 e 1996, durante o governo do falecido presidente Ramiro de León Carpio.
Durante a campanha eleitoral, como candidato do movimento Semilla, prometeu seguir os passos do pai para melhorar a educação, reduzir a violência e a pobreza que atinge 59% dos 17,6 milhões de guatemaltecos.
Arévalo, que concorre à presidência pela primeira vez, já disse que não vai legalizar o aborto — a legislação atual permite a prática apenas quando a vida da mulher estiver em perigo — nem o casamento igualitário. Ao mesmo tempo, afirma que não permitirá a discriminação, ou a estigmatização por gênero, ou religião.
Como não aparecia entre os favoritos, as pesquisas não mediram a rejeição a Arévalo.
H.Silva--PC