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Ucrânia registra bombardeios em áreas inundadas após destruição de represa
Ucrânia e Rússia acusaram-se mutuamente, nesta quinta-feira (8), de bombardear as áreas alagadas na província de Kherson, onde milhares de civis estão sendo evacuados após as inundações causadas pela destruição de uma represa.
A destruição da represa de Kakhovka na terça-feira resultou em evacuações em massa após o aumento das águas do rio Dnieper, no sul da Ucrânia.
Os ucranianos acusaram o Exército russo de bombardear Kherson durante as operações de salvamento.
Segundo Kiev, uma pessoa morreu e 18 ficaram feridas, incluídos membros do serviço de resgate.
O presidente ucraniano Volodimir Zelensky classificou os socorristas que trabalham "sob fogo" russo de "heróis", em mensagem publicada nas redes sociais após visitar a região, onde mais de 600 km² de território estão embaixo d'água.
Por ora, as autoridades ucranianas e as da ocupação russa informaram que há seis mortes.
As autoridades da ocupação russa na Ucrânia acusaram Kiev de bombardear a área e matar duas pessoas, entre elas uma mulher grávida, no centro de evacuação de Golan Pristan, na zona controlada pela Rússia.
- Batalha de duas horas -
Por sua vez, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, declarou que suas tropas haviam repelido um ataque nesta quinta na província de Zaporizhzhia, mais ao norte, no momento em que Kiev afirma estar concluindo os preparativos de uma contraofensiva para recuperar territórios.
"Hoje [quinta-feira], às 01h30 [19h30 de quarta-feira em Brasília] da manhã na zona de Zaporizhzhia, o inimigo tentou abrir caminho em nossa defesa com [...] até 1.500 homens e 150 veículos blindados", afirmou Shoigu em comunicado. "O inimigo foi bloqueado e recua com graves perdas", acrescentou.
Após uma batalha de duas horas, as forças ucranianas perderam 30 tanques, 11 veículos de combate de infantaria e até 350 homens. Estas informações não puderam ser verificadas com uma fonte independente.
Ucrânia e Rússia culpam-se de forma recíproca pela destruição da barragem, que gera o temor de uma catástrofe humanitária e ambiental.
Kiev acusa Moscou de querer frear a ofensiva ucraniana rumo ao sul, enquanto para o presidente russo, Vladimir Putin, foi um ato de "selvageria" cometido pelos ucranianos.
De acordo com o governo ucraniano, 2.339 pessoas foram evacuadas da zona inundada, onde 32 localidades ficaram submersas.
Do lado russo, "5.000 pessoas" foram retiradas, indicou Vladimir Saldo, um responsável da administração da ocupação russa, no Telegram.
Segundo o ministro de Energia ucraniano, German Galushchenko, mais de 20.000 lares estavam sem eletricidade. Ele também pediu à Europa que fornecesse mais energia ao país.
- Sem risco nuclear 'iminente' -
Galushchenko afirmou que a central nuclear de Zaporizhzhia, que utiliza as águas do rio Dnieper para resfriar seus reatores, não apresentava "nenhum risco iminente por ora", mas que era necessário "monitorar a situação".
Depois de uma avaliação, constatou-se que a operação de bombeamento de água "deveria ser capaz de continuar mesmo que o nível fique abaixo de 12,7 metros", explicou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em um comunicado.
Mais cedo, o chefe da operadora ucraniana Ukrhydroenergo, Ihor Syrota, chegou a afirmar que as reservas de água não eram mais suficientes para resfriar os reatores da central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa.
Quando não é mais possível usar a água da represa, a central pode usar "uma enorme piscina de retenção situada a pouca distância, assim como reservas menores e poços no local, que poderão proporcionar água de resfriamento por vários meses", detalhou a AIEA.
Em Kherson, Tatiana Olmechenko, de 65 anos, contou à AFP que esperou por dois dias os socorristas e que teve que sair por seus próprios meios por uma janela quebrada para chegar ao bote de resgate.
Segundo Laura Musiyan, do centro meteorológico de Kherson, as águas estão 5,33 metros acima do nível normal, mas parece que a cheia começa a ceder levemente. "Se esta tendência continuar, será uma boa notícia para os moradores", afirmou.
Na quarta-feira, Zelensky criticou a falta de ajuda humanitária da ONU e da Cruz Vermelha.
Também afirmou, em uma videoconferência, que foram inundados "depósitos de combustível, de produtos químicos, de fertilizantes, cemitérios de animais [...]".
A Cruz Vermelha disse que participa das operações de evacuação em território ucraniano com cerca de 50 voluntários. A ajuda da ONU vai aumentar, disse Kiev nesta quinta.
A.Silveira--PC