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Arábia Saudita dá o tom na OPEP+ com corte adicional em sua produção de petróleo
A Arábia Saudita comprometeu-se a novos cortes em sua produção de petróleo, dando o tom do encontro da aliança de países exportadores de petróleo OPEP+ reunidos neste domingo (4) em Viena para traçar uma estratégia para impulsionar os preços, que foram prejudicados pela incerteza em relação à economia global.
Os treze membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), liderados pela Arábia Saudita e que incluem a Venezuela, juntamente com seus dez parceiros liderados pela Rússia, reuniram-se para chegar a uma política comum.
O ministro de Energia da Arábia Saudita, Abdel Aziz bin Salman, afirmou após o encontro que seu país se compromete a um corte adicional de um milhão de barris por dia (mbd) em sua produção a partir de julho, mas que essa redução "pode ser estendida".
Outro anúncio importante feito pelo cartel de petróleo é que os cortes voluntários na produção adotados por nove países desse acordo, totalizando 1,6 mbd e que entraram em vigor em maio, "serão estendidos até o final de 2024", disse o vice-primeiro-ministro russo, responsável pela pasta de Energia, Alexander Novak, ao sair da reunião.
A reunião na sede da OPEP começou quase três horas depois do previsto, e as negociações foram difíceis entre os 23 países responsáveis por 60% da produção mundial de petróleo.
Um tema-chave nas negociações foi a base de produção, pois ela serve para calcular as cotas de bombeamento por país e, assim, configurar um corte conjunto.
Os Emirados Árabes Unidos, que defendiam uma maior produção, conseguiram aumentar a base sobre a qual sua cota de bombeamento é calculada.
Segundo a agência Bloomberg, esse aumento gerou resistência de países africanos como Angola, Congo e Nigéria, cujas cotas foram reduzidas para o próximo ano.
Esses países africanos já estão produzindo no máximo de sua capacidade, mas mal conseguem cumprir suas metas de bombeamento e agora estão sob pressão adicional.
- Temor de uma recessão -
Os delegados se reuniram em meio à incerteza sobre a economia global, com vários indicadores econômicos negativos para a demanda de petróleo.
Esta reunião ocorreu dois meses depois que vários países da OPEP anunciaram um corte voluntário em suas cotas de produção para impulsionar os preços, uma decisão que entrou em vigor em maio, mas teve um efeito efêmero e não conseguiu deter a queda nos preços.
Apesar de os preços do petróleo terem se recuperado nos últimos dois dias, as cotações caíram 10% desde o anúncio surpreendente feito no início de abril.
O petróleo Brent, referência na Europa, está a US$ 76 o barril, e o WTI americano está cotado a US$ 71, muito abaixo dos níveis alcançados em março de 2022, no início da guerra na Ucrânia, quando chegaram a quase US$ 140 o barril.
Nas reuniões da OPEP+, é comum haver pressão para reduzir a produção e sustentar os preços, enfrentando resistências de países que precisam de mais receita proveniente do petróleo.
Além disso, os produtores de petróleo se reuniram em um momento em que o mercado está enfrentando o impacto da inflação, o aperto monetário dos grandes bancos, uma recuperação da demanda chinesa menos fluida do que o esperado e várias turbulências que afetaram o sistema financeiro.
Antes do encontro, havia especulações sobre se a Arábia Saudita e a Rússia iriam travar uma queda de braço devido às suas divergências e interesses distintos, mas a reunião da OPEP+ terminou mostrando um front unido.
A Rússia é relutante em fechar a torneira do petróleo, que gera receitas para financiar sua ofensiva militar.
Devido às sanções das potências ocidentais, o petróleo russo só pode ser negociado a um preço igual ou inferior a US$ 60.
"Por outro lado, a Arábia Saudita precisa de preços mais altos para equilibrar seu orçamento", afirmou Barbara Lambrecht, analista do Commerzbank, em uma nota.
O ministro russo foi enfático: "Não temos desacordos. Essa é uma decisão conjunta tomada no interesse do mercado".
P.Queiroz--PC