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Rússia afirma ter eliminado combatentes infiltrados da Ucrânia
A Rússia afirmou nesta terça-feira (23) que "esmagou" com sua força aérea e artilharia o grupo que atacou a região fronteiriça de Belgorod a partir da Ucrânia no dia anterior, a incursão mais grave em seu território desde o início do conflito.
Na segunda-feira, combatentes da Ucrânia atacaram várias cidades na região de Belgorod, onde também foram registrados ações com artilharia e drones que obrigaram os moradores a fugir.
O Kremlin expressou "profunda preocupação" e pediu o aumento dos "esforços" para evitar as incursões, que se somam a uma série de ataques em território russo, no momento em que a Ucrânia afirma estar a preparar uma grande ofensiva.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou na terça-feira que impediu a incursão após uma operação de escala sem precedentes que envolveu a Força Aérea e a artilharia.
"Na operação antiterrorista, as formações nacionalistas [ucranianas] foram bloqueadas e esmagadas por bombardeio aéreo e fogo de artilharia", disse o ministério em comunicado.
"Os nacionalistas restantes foram repelidos para o território da Ucrânia, onde os bombardeios [...] continuaram até sua eliminação total", acrescentou o ministério, que afirmou que "mais de 70 terroristas ucranianos" foram mortos.
Não foi possível verificar as informações com fontes independentes.
- "Mais esforços" -
A Rússia acusou a Ucrânia de planejar o ataque, mas Kiev nega.
"Não estamos travando nenhuma guerra em territórios estrangeiros", disse a vice-ministra da Defesa ucraniana, Ganna Maliar, nesta terça-feira, referindo-se a uma "crise interna russa".
A operação foi reivindicada em um canal do Telegram pela "Legião Liberdade para a Rússia", um grupo de russos que luta do lado ucraniano e que em outras ocasiões já afirmou ter realizado incursões na mesma região. Outro grupo semelhante teria participado da operação, o "Corpo de Voluntários Russos".
"O que aconteceu ontem [segunda-feira] desperta profunda preocupação e mostra, mais uma vez, que os combatentes ucranianos continuam suas atividades contra nosso país", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, à imprensa.
"Isso requer mais esforços de nossa parte, esforços que continuam e a operação militar especial [na Ucrânia] continua para que isso não volte a acontecer", acrescentou.
O governador de Belgorod, Viacheslav Gladkov, declarou que várias cidades, incluindo a cidade de Grayvoron, capital do distrito de mesmo nome, sofreram "inúmeros" bombardeios baseados em artilharia, lança-foguetes múltiplos e drones.
Nove cidades foram evacuadas, explicou Gladkov, que relatou pelo menos 12 civis feridos.
Em resposta à incursão, a Rússia decretou na segunda-feira um regime "antiterrorista" em toda a região de Belgorod, um protocolo que concede às autoridades mais poderes para realizar operações armadas, realizar controles sobre a população e realizar evacuações. Foi usado na Chechênia de 1999 a 2009.
O Comitê de Inquérito russo, encarregado das principais investigações, indicou que uma investigação foi aberta por um "ato terrorista".
- Putin mantém silêncio -
Até agora, o presidente russo, Vladimir Putin, não se pronunciou sobre o ataque. Durante uma cerimônia de entrega de condecorações nesta terça-feira no Kremlin, limitou-se a falar de forma geral sobre o conflito na Ucrânia.
"Sim, a Rússia enfrenta tempos difíceis, mas este é um momento particular para a nossa consolidação" nacional, afirmou, reiterando que Moscou defende a população russa do Donbass ucraniano.
Na segunda-feira, seu porta-voz disse que o presidente havia sido informado sobre o ataque em Belgorod. O Kremlin acusou Kiev de orquestrar a ação com o objetivo de "desviar a atenção" da tomada da cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia, reivindicada por Moscou.
No último fim de semana, as forças russas reivindicaram a captura da cidade do leste ucraniano, que foi devastada na batalha por sua conquista, a mais longa e letal do conflito e que teria provocado enormes perdas para os dois lados.
Kiev negou a perda de Bakhmut e nesta terça-feira afirmou que "as batalhas pela cidade [...] continuam".
Além disso, o presidente Volodimir Zelensky visitou nesta terça-feira a linha de frente na região de Donetsk (leste), palco de violentos combates. Ele se encontrou com vários militares.
G.Machado--PC