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Governo da Colômbia e ELN retomam diálogo de paz em Havana
O governo da Colômbia e o ELN retomaram, nesta quarta-feira (17), os trabalhos para negociar a paz, informou a guerrilha em Havana, após uma "pausa" motivada pelas declarações do presidente Gustavo Petro sobre as atividades ilícitas realizadas por alguns insurgentes.
"Retomamos as sessões ordinárias da Mesa de Diálogos, depois de ter feito uma primeira troca de esclarecimentos sobre as recentes intervenções do presidente Gustavo Petro", informou, em nota, a delegação negociadora do Exército de Libertação Nacional (ELN).
A guerrilha se comprometeu a articular "as visões e propostas apresentadas" por Petro aos acordos que as partes adotaram durante as rodadas de negociações prévias no México, em março, e na Venezuela, em novembro.
Petro disse na sexta-feira a militares colombianos que, embora algumas frentes do ELN se aproximem, por sua "autonomia", da posição do governo colombiano de querer a paz, há outras com a "mesma bandeira" que têm como razão de ser a economia ilícita, que inclui o narcotráfico.
"É preciso resolver a questão da economia ilegal", afirmou Petro. A declaração gerou reações da delegação negociadora do ELN, que suspendeu os trabalhos, pediu um esclarecimento e assinalou que estas declarações contradizem o status político que o governo dá ao grupo guerrilheiro.
Ao iniciar a terceira mesa de negociações em Havana, as partes reafirmaram sua vontade de alcançar um cessar-fogo e concordaram com a necessidade de incluir a participação da sociedade no processo de paz.
Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda na Colômbia e um ex-guerrilheiro, impulsionou esse processo de paz no final de 2022, mas as negociações estiveram prestes a se romper pelo ataque mortal lançado no final de março pelo ELN perto da fronteira com a Venezuela, que deixou dez militares mortos.
Com um conflito armado que já dura mais de meio século, a Colômbia tentou inúmeras negociações de paz com os grupos armados, muitas delas fracassadas. Em 2016, um histórico acordo desarmou a poderosa guerrilha das Farc e a transformou em partido político.
A.P.Maia--PC