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Confrontos com Israel deixam famílias inteiras nas ruas de Gaza
Após um bombardeio israelense na Faixa de Gaza destruir a casa de Najah Nabhan, uma palestina de 56 anos, ela se pergunta o que acontecerá com ela e sua grande família, agora desabrigada.
"Meus vizinhos me emprestam roupas para eles; não trouxe nada, mal tive tempo de sair e a casa foi bombardeada", disse à AFP em Bir al Najeh, ao lado de alguns blocos de cimento, o que restou de seu lar.
Os combates entre movimentos armados palestinos e israelenses duraram cinco dias e deixaram dezenas de mortos.
Diversas casas foram destruídas durante as hostilidades - que começaram quando os militares israelenses lançaram ataques contra altos funcionários do grupo palestino Jihad Islâmica.
A família de Nabhan dorme nas ruínas desde que sua casa em Beit Lahia foi destruída, no sábado. Ela tenta cuidar de seus filhos e netos, muitos dos quais são portadores de deficiências.
Sua família disse ter sido avisada por um telefonema do exército israelense sobre a iminência do ataque. Quando questionados pela AFP, os militares não forneceram detalhes sobre o motivo de atacar sua casa.
No total, 103 casas foram totalmente destruídas e 140 seriamente danificadas pelos combates, informou a ONU nesta terça, citando autoridades de Gaza.
Nos últimos anos, Israel e combatentes palestinos em Gaza - que é governada pelo grupo islâmico Hamas - travaram diversas guerras.
Com uma taxa de pobreza atingindo 53% da população, de acordo com o Escritório Central de Estatísticas da Palestina, poucas pessoas conseguem pagar para reconstruir suas casas.
Em Deir al Balah, no centro de Gaza, um grupo de crianças sobe em um monte de cimento e ferros, retorcidos por um bombardeio israelense.
Neste bairro populoso, a casa de Mohamed Zidan não foi atingida diretamente, mas a explosão foi tão forte que derrubou as paredes.
"Para atingir uma pessoa, você não precisa destruir um prédio de apartamentos inteiro", diz o jovem de 29 anos.
Enquanto Zidan permanecia entre os restos do que era seu quarto, os palestinos comemoravam na segunda-feira o 75º aniversário da "Nakba", ou "Catástrofe", como chamam a criação do Estado de Israel. Esta data marca a expulsão de milhares de palestinos de suas casas por conta da guerra iniciada após a criação do Estado hebreu, em 1948.
"Vamos continuar vivendo a vida da 'Nakba'", disse Zidan, que agora dorme na rua atrás de sua casa.
O exército israelense não respondeu imediatamente ao pedido de comentários sobre por que atacou este bairro.
Um cessar-fogo frágil está em vigor desde sábado. Séries de ataques israelenses e salvas de foguetes palestinos foram interrompidos neste período.
Os confrontos deixaram 33 mortos em Gaza - um balanço que inclui militares e civis, inclusive crianças - e dois civis mortos em Israel.
Nogueira--PC