Portugal Colonial - Entradas ilegais na UE pelo Mediterrâneo atingem níveis recordes

Entradas ilegais na UE pelo Mediterrâneo atingem níveis recordes
Entradas ilegais na UE pelo Mediterrâneo atingem níveis recordes / foto: Vincenzo CIRCOSTA - AFP/Arquivos

Entradas ilegais na UE pelo Mediterrâneo atingem níveis recordes

As travessias de migrantes para a Europa pelo Mediterrâneo central atingiram níveis recordes, com contrabandistas cada vez mais organizados e embarcações precárias fabricadas a toda velocidade, disse à AFP nesta sexta-feira (12) o diretor da Agência Europeia de Fronteiras (Frontex).

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Entre janeiro e abril, o número de entradas irregulares na União Europeia (UE) através do Mediterrâneo aumentou quase 300% em relação ao mesmo período de 2022, com 42.200 entradas detectadas.

"Nunca tinha visto isso antes", disse Hans Leijtens, acrescentando que as travessias representam pouco mais da metade das 80.700 entradas irregulares na UE detectadas até agora este ano.

É o nível mais alto de travessias nesta rota desde que a agência começou a coletar dados em 2009, disse a organização em um comunicado.

Segundo Leijtens, esse forte aumento se deve à mudança no modo operativo dos traficantes de pessoas e aos preços mais baixos de uma travessia.

"Atualmente eles usam pequenas embarcações de metal improvisadas que podem ser produzidas na praia em um dia, 24 horas" e custam cerca de 1.000 euros (1.088 dólares, 5.406 reais na cotação atual), disse.

"Preços mais baixos significam que [os traficantes] precisam de volumes maiores [de passageiros]. Portanto, há uma razão para que pressionem mais. Isso também pode explicar os números atuais", acrescentou.

Os traficantes estão cada vez mais organizados e competem entre si "sem se preocupar com perdas humanas", disse Leijtens. Em pelo menos um caso, uma embarcação foi afundada por concorrentes, afirmou.

Algumas ONGs de direitos humanos, incluindo a Human Rights Watch, acusaram a Frontex de ser cúmplice de abusos de migrantes na Líbia e de colaborar com sua Guarda Costeira para interceptar navios.

Leijtens negou que a agência favoreça as devoluções ao informar as autoridades sobre as posições das embarcações nas zonas europeias de busca e salvamento.

"A única coisa que fazemos, quando uma embarcação está em perigo, é transmitir um pedido de socorro que as autoridades líbias e tunisianas também recebem", explicou.

Uma missão das Nações Unidas alertou no final de março que migrantes retidos na Líbia tentando chegar à Europa são sistematicamente torturados e forçados à escravidão sexual, com a possível cumplicidade das forças de segurança do Estado.

H.Portela--PC