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Ataques russos matam 19 na Ucrânia, que anuncia contraofensiva iminente
Vários ataques russos com mísseis e drones atingiram na madrugada desta sexta-feira (28) várias cidades da Ucrânia e provocaram pelo menos 19 mortes, poucas horas antes de Kiev anunciar que os preparativos para sua contraofensiva "estão chegando ao fim".
"Os preparativos estão chegando ao fim", afirmou o ministro ucraniano da Defesa, Oleksiy Reznikov, em referência à contraofensiva aguardada há vários meses para tentar retomar territórios ocupados pela Rússia no leste e sul do país.
"O equipamento foi prometido, preparado e parcialmente entregue. Em um sentido amplo, estamos prontos", acrescentou em uma entrevista coletiva em Kiev, ao falar sobre o envio de material pelos países ocidentais, o que inclui tanques, blindados e munições.
O ministro completou: "Quando existir a vontade de Deus, a meteorologia e a decisão dos comandantes, nós faremos".
Durante a madrugada, vários ataques em larga escala, os primeiros desde o início de março, atingiram várias cidades ucranianas.
"O terror russo deve ter uma resposta adequada da Ucrânia e do mundo. E isso vai acontecer", afirmou o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky.
"Cada ataque deste tipo, cada ato maligno contra nosso país e nosso povo aproxima o Estado terrorista do fracasso e da punição", acrescentou Zelensky no Telegram.
O ministério da Defesa da Rússia afirmou que bombardeou "alvos militares na Ucrânia com armas de alta precisão".
Na cidade ucraniana de Uman, uma localidade de 80.000 habitantes na região central do país, ao menos 17 pessoas morreram quando um míssil atingiu um prédio residencial, informou o governador regional, Igor Taburets.
"Quero ver meus filhos, vivos ou mortos", declarou à AFP Dmitri, um homem de 33 anos que mora no edifício atingido por um míssil.
"Eles estão sob os escombros", acrescentou.
O ucraniano disse que é natural de Lugansk, uma área do leste do país sob controle russo.
"Eu vi muitas coisas, mas ainda não perdi meus filhos", disse.
- Ataques contra Kiev e Dnipro -
Em Dnipro, no centro-leste da Ucrânia, outro ataque deixou dois mortos, uma mulher e um menino de três anos, afirmou o prefeito Boris Filatov.
O exército ucraniano anunciou no Telegram que derrubou "21 mísseis de cruzeiro X-101/X-555 de um total de 23 e dois drones" no país.
O ataque com mísseis foi lançado "por volta das 4H00" (22H00 de Brasília, quinta-feira) a partir de bombardeiros estratégicos russos do tipo Tu-95 localizados na área do Mar Cáspio, segundo as Forças Armadas.
Em Kiev, uma linha de energia elétrica foi cortada ao ser atingida por destroços que também provocaram o bloqueio de uma estrada, segundo as autoridades.
Na localidade de Ukrainka, os estilhaços de um míssil derrubado atingiram um edifício. Uma menina ficou ferida e foi hospitalizada, segundo o governador Ruslan Kravchenko.
A Rússia bombardeou de modo incessante as cidades ucranianas e a infraestrutura do país durante o inverno (hemisfério norte, verão no Brasil), mas o ritmo dos ataques diminuiu nos últimos meses.
- Uma contraofensiva aguardada -
A possibilidade de uma contraofensiva do exército ucraniano, apoiada pelos equipamentos enviados pelas potências ocidentais, significaria uma nova fase da guerra, mais de um ano após o início da invasão, em fevereiro de 2022.
A Ucrânia afirma há vários meses que pretende iniciar uma ofensiva para libertar áreas sob controle russo, que representam quase 20% de seu território.
Os aliados da Otan e seus sócios entregaram 230 tanques e 1.550 veículos blindados à Ucrânia, anunciou na quinta-feira o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg.
Ao mesmo tempo, a Rússia mobilizou centenas de milhares de reservistas para manter seus avanços territoriais no leste e no sul da Ucrânia. O Kremlin mantém o objetivo de conquistar a totalidade do Donbass, uma região conhecida por sua atividade industrial.
Os combates entre as tropas russas e os ucranianos estão concentrados no leste do país, onde acontece uma batalha violenta pelo controle da cidade de Bakhmut, que está praticamente destruída.
O vice-primeiro-ministro russo Marat Khusnullin afirmou nesta sexta-feira que visitou Bakhmut e prometeu que a Rússia reconstruirá a localidade.
Em Donetsk, a principal cidade controlada por Moscou no leste da Ucrânia, as autoridades de ocupação russas afirmaram que sete pessoas morreram nesta sexta-feira em ataques das forças ucranianas.
F.Ferraz--PC