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Moscou 'não perdoará' rejeição dos EUA a vistos para jornalistas na ONU
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse, neste domingo (23), que Moscou "não perdoará" os Estados Unidos por se recusarem a conceder vistos a jornalistas que deveriam acompanhá-lo na sede das Nações Unidas.
"Não vamos esquecer, não vamos perdoar", disse Lavrov, que presidirá as reuniões de segunda e terça-feira do Conselho de Segurança da ONU em Nova York, sede do órgão.
O ministro russo chamou a decisão de Washington de "estúpida" e "covarde".
A Rússia assume este mês a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU, que todo mês é assumida por um país diferente - seja membro permanente ou não - em ordem alfabética.
A presidência russa desencadeou uma avalanche de críticas em meio à ofensiva na Ucrânia.
"Um país que afirma ser o mais inteligente, o mais forte, o mais livre, se acovardou e, inclusive, fez algo estúpido", lamentou Lavrov.
Os Estados Unidos, continuou ele, "provaram de que valem [suas] declarações de liberdade de expressão" ao negarem vistos a jornalistas russos.
Algumas horas antes, o vice-ministro, Sergei Ryabkov, havia indicado que, apesar dos "contatos repetidos nos últimos dias" de Moscou, Washington não havia "concedido vistos" aos jornalistas que acompanhariam Lavrov nos Estados Unidos.
Ryabkov criticou "um método ultrajante e absolutamente inaceitável" por parte dos Estados Unidos e acusou os americanos de fingirem estar trabalhando para "encontrar uma solução".
"Vamos encontrar maneiras de responder a isso, para que os americanos se lembrem por muito tempo de que isso não se faz. E eles se lembrarão disso", alertou.
Uma fonte diplomática citada pela agência de notícias russa Ria Novosti afirmou que, em retaliação, "não há dúvida de que os jornalistas americanos [na Rússia] vão sofrer todos os 'incômodos e inconvenientes', e uma atitude semelhante" por parte das autoridades russas.
O Departamento de Estado de Estados Unidos, ao ser perguntado pela AFP, afirmou que costuma conceder vistos aos delegados russos para os eventos da ONU, mas justificou os prazos para processar os pedidos, referindo-se às restrições impostas ao pessoal da embaixada dos Estados Unidos em Moscou, cujo número se viu bastante reduzido desde o início da ofensiva militar na Ucrânia.
"Tramitamos centenas de vistos a cada ano relativos aos delegados da Rússia para eventos da ONU. Para garantir que o tratamento seja feito no prazo [desejado], recordamos regularmente à missão da Rússia na ONU - como fazemos com todas as outras missões da ONU - que os Estados Unidos precisam [receber] os pedidos o mais cedo possível", declarou um porta-voz do Departamento de Estado em comunicado.
E.Paulino--PC