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Jogadores de rugby franceses são formalmente acusados de estupro na Argentina
Os jogadores da seleção francesa de rugby Hugo Auradou e Oscar Jegou foram formalmente acusados nesta sexta-feira (12) por suposto estupro agravado de uma mulher em Mendoza, oeste da Argentina, no último fim de semana.
A promotora Cecilia Bignert acusou os dois atletas "por crime de abuso sexual com acesso carnal agravado pela participação de duas pessoas", afirmou um comunicado da Promotoria de Mendoza, que usa a definição legal argentina para se referir a um estupro.
A nota acrescentou ainda que Auradou, de 20 anos, e Jegou, de 21, não fizeram declarações e ficarão detidos no centro de detenção temporária em Mendoza (1.000 quilômetros a oeste de Buenos Aires), onde teriam ocorrido o incidente madrugada de domingo após um amistoso no sábado contra os 'Pumas', como é conhecida a seleção argentina.
A Promotoria tem 10 dias para pedir a prisão preventiva e a defesa deverá solicitar a prisão domiciliar, para a qual deverão estabelecer domicílio em Mendoza e passar por exames psicológicos.
Após o anúncio da acusação, um dos advogados de defesa, Germán Hnatow, disse aos jornalistas que os franceses, que afirmam ter havido consentimento e negam ter agredido a suposta vítima, "estão bem e seguros da sua versão".
"Eles estão calmos porque sabem que são inocentes no caso, mas é claro que estão preocupados com toda esta situação que tiveram que viver", acrescentou o advogado.
- Repetição do crime -
Após a partida, os jogadores foram ao bar Beerlin, onde consumiram uma grande quantidade de álcool, de acordo com um garçom do local que pediu para ter sua identidade preservada.
No entanto, Andrés Civit, proprietário da Beerlin, disse à AFP que eles agiam "como qualquer outro consumidor habitual". "Não sei se eles ficaram bêbados, não vi ninguém rastejando", acrescentou.
Natacha Romano, advogada da mulher, disse à AFP que sua cliente conheceu Auradou em uma boate de Mendoza na madrugada de domingo e depois foi com ele ao Diplomatic Hotel, onde os jogadores estavam hospedados.
Depois de entrar no quarto, ele "a agarrou, a jogou na cama, começou a despi-la, bateu nela com violência feroz" e abusou sexualmente dela pelo menos seis vezes, descreve Romano.
Uma hora depois, Jegou entrou e "fez o mesmo selvagemente", acrescentou a advogada.
Romano afirmou que a mulher "tem cicatrizes nas costas, mordidas, arranhões, marcas nos seios, pernas e costelas", além da marca de um soco em seu rosto.
A acusação contra Auradou (abuso sexual com acesso carnal agravado pela participação de duas pessoas em associação com abuso sexual com acesso carnal) pode ser maior porque inclui a repetição do crime, explicou fonte do Ministério Público.
- Descompensação geral -
Auradou e Jegou foram detidos na segunda-feira em Buenos Aires para evitar que deixassem o país. Na quinta, foram transferidos de uma divisão da Interpol da Polícia Federal argentina para um centro de detenção em Mendoza para comparecer à audiência de acusação perante a promotora Cecilia Bignert.
Se forem considerados culpados, os atletas podem pegar de oito a 20 anos de prisão.
Na quinta-feira, a denunciante foi hospitalizada depois de sofrer um transtorno de humor chamado "hipotimia" e "uma descompensação geral do corpo como resultado de tudo o que aconteceu", disse Romano.
"Quando viu os relatórios, ficou angustiada, entrou em um estado de choque total e desmaiou, sobretudo pelas lesões que a tomografia mostrou", declarou à mídia local Rádio Uno.
Nicolás Yungman, psicólogo do Hospital de Emergências Psiquiátricas Alvear e que não está ligado ao caso, explicou à AFP que a hipotimia citada "pode ser um efeito do transtorno de estresse pós-traumático (...) que faz com que a pessoa não se expresse bem, tenha movimentos lentos, linguagem inexpressiva e perda de interesse".
O principal advogado da defesa, Rafael Cúneo — irmão do Ministro da Justiça Mariano Cúneo — disse aos jornalistas na quinta-feira que usará como prova do consentimento o fato de ela ter subido com Auradou ao quarto 603 e esperado que ele descesse à recepção para pedir a chave, que tinha perdido.
Segundo ele, ela era "uma mulher de 40 anos que já sabe o que acontece na vida", estimou.
Enquanto isso, a seleção francesa continua sua passagem pela América do Sul: jogou contra o Uruguai na quarta-feira e enfrentará novamente os 'Pumas' no sábado, em Buenos Aires.
Além dos acusados, Melvyn Jaminet também não estará em campo. O atleta foi cortado por ter feito comentários xenófobos nas redes sociais durante a celebração em Mendoza.
A.F.Rosado--PC