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Brasil 'recupera memória' e Neymar entra para história da Seleção
Além de afastar as dúvidas sobre seu nível técnico e físico, Neymar também pode, a partir de agora, ser chamado de o maior artilheiro da história da Seleção masculina, acima do 'Rei' Pelé. Após meses de turbulência, o atacante mostrou sua melhor versão na estreia do técnico Fernando Diniz pelo Brasil.
O camisa 10, de 31 anos, voltou a brilhar com a 'Amarelinha' ao marcar dois gols e dar uma assistência na goleada sobre a Bolívia por 5 a 1, na sexta-feira (8), em Belém, no fechamento da primeira rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026.
Ao balançar as redes duas vezes contra os bolivianos (61', 90'+3), Neymar se isolou na artilharia da Seleção: 79 gols em 125 jogos, dois a mais que Pelé, que entrou em campo pelo Brasil em 92 partidas entre 1957 e 1971.
"Sempre quis fazer minha história, escrever o meu nome no futebol e na Seleção Brasileira. Hoje, fiz isso", disse o atacante após a goleada.
A quebra de uma marca de mais de meio século foi o retorno perfeito de um talento, muitas vezes ofuscado pelas lesões e polêmicas, que tinham colocado em dúvida sua continuidade na Seleção após a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo de 2022 para a Croácia.
- De volta -
Desde então, o Brasil, comandado de forma interina por Ramon Menezes e sem Neymar, disputou três amistosos: derrotas para Marrocos (2 a 1) e Senegal (4 a 2), e vitória sobre Guiné (4 a 1).
Nesse período, 'Ney' passou por cirurgia para tratar uma lesão no tornozelo direito, sofrida em fevereiro, e trocou o Paris Saint-Germain pelo Al-Hilal, da Arábia Saudita.
O atacante não disputava um jogo oficial havia sete meses e a última vez que tinha entrado em campo foi no dia 3 de agosto, em um amistoso do PSG contra o Jeonbuk, da Coreia do Sul, em que marcou dois gols na vitória do time francês por 3 a 0.
Havia incertezas sobre seu nível técnico e condição física, já que ainda não tinha estreado pelo Al-Hilal, onde chegou há três semanas, principalmente por apresentar uma "pequena lesão", segundo o técnico do clube, o português Jorge Jesus.
Mas a estreia de Diniz na Seleção, com várias mostras de seu estilo e proposta ofensiva, o chamado 'dinizismo', dissipou qualquer dúvida e mandou a mensagem: Neymar está de volta.
"Neymar veio fazer isso. No futebol, temos que entender que o jogador é a obra-prima, são os grandes ídolos e heróis que despertam na criança o desejo de estar perto. Tem que saber reconhecer, respeitar e olhar para as coisas positivas que o Neymar representa", disse o treinador brasileiro.
- "Nada de radicalidades" -
Neymar foi o líder de uma orquestra que em alguns momentos entoou a partitura que tornou Diniz reconhecido na América do Sul: propor um futebol ofensivo sem posições rígidas, com os jogadores próximos uns dos outros para facilitar associações, priorizando a busca pela bola acima da cobertura de espaços.
Ele fez parceria com Rodrygo (autor de dois gols e uma assistência) e Raphinha (gol e assistência), convocado para o lugar do lesionado Vinícius Júnior.
O camisa 10 poderia ter quebrado o recorde de Pelé aos 17 minutos de jogo em cobrança de pênalti, mas bateu fraco e a bola parou nas mãos do goleiro Guillermo Viscarra.
No final do primeiro tempo, Viscarra evitou que Neymar anotasse um gol digno do 'Rei', ao fazer boa defesa após o atacante driblar quatro jogadores (41').
Embora o adversário fosse uma das equipes mais fracas da América do Sul, a Seleção passou no teste mostrando o que quer o novo treinador, que assumiu em julho e ficará no cargo até meados de 2024, quando deve chegar o italiano Carlo Ancelotti, após o fim de seu contrato com o Real Madrid.
O Brasil teve 80% de posse de bola, criou oito chances claras de gol e os jogadores atuaram mais soltos.
"Sua estreia [de Diniz] mostrou boa atuação e nada de radicalidades no estilo. Por enfrentar uma defesa formada por cinco jogadores, seu time foi mais posicional do que de costume", escreveu o comentarista Paulo Vinicius Coelho em sua coluna no portal UOL.
Na próxima terça-feira (12), Neymar e Diniz terão um desafio mais difícil, quando a Seleção visita o Peru pela segunda rodada das Eliminatórias.
H.Portela--PC