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Rebeldes no Iêmen reivindicam ataques contra porta-aviões dos EUA no Mar Vermelho
Os rebeldes huthis do Iêmen reivindicaram no domingo (16) e nesta segunda-feira (17) dois ataques contra um porta-aviões dos Estados Unidos no Mar Vermelho, em resposta aos bombardeios americanos realizados no dia anterior contra várias de suas bases, incluindo a capital, Sanaa, que deixaram pelo menos 53 mortos.
Os rebeldes huthis afirmaram no domingo que lançaram "uma operação militar (...) contra o porta-aviões americano USS Harry Truman e os navios de guerra que o acompanham no norte do Mar Vermelho", disparando 18 mísseis e um drone.
Na manhã de segunda-feira, o grupo reivindicou um "segundo" ataque contra o porta-aviões, "com vários mísseis balísticos e de cruzeiro, além de drones".
O líder dos insurgentes, Abdulmalik al Huthi, convocou os iemneitas para uma manifestação na segunda-feira, para protestar contra os bombardeios americanos.
O comando dos Estados Unidos no Oriente Médio (Centcom) declarou à noite que suas forças "continuam as operações contra os terroristas huthis apoiados pelo Irã", sem revelar mais detalhes.
Segundo a Casa Branca, o bombardeio americano de sábado matou "múltiplos" líderes huthis.
A imprensa huthi informou que as forças dos Estados Unidos efetuaram novos ataques entre a noite de domingo e a madrugada de segunda-feira contra uma fábrica de algodão na região oeste de Hodeida e contra a cabine do navio "Galaxy Leader", capturado há mais de um ano pelos rebeldes.
Diante da crise, a ONU pediu aos Estados Unidos e aos rebeldes que cessem "todas as atividades militares".
O Irã condenou os ataques "bárbaros" contra o Iêmen e advertiu que adotaria represálias contra qualquer ofensiva.
Os militantes huthis, que controlam várias áreas do Iêmen, incluindo a capital Sanaa, afirmaram que os ataques americanos "não ficarão sem resposta".
"Nossas Forças Armadas estão prontas para responder escalada por escalada", afirma um comunicado divulgado pelo escritório político dos rebeldes, considerados como "organização terrorista estrangeira" pelos Estados Unidos.
Segundo o Ministério da Saúde huthi, os bombardeios tiveram como alvos Sanaa, além de Saada (norte) e a cidade de Rada'a, na província de Al Bayda (centro).
Os ataques deixaram 53 mortos, incluindo cinco crianças, e 98 feridos, segundo o "balanço definitivo" publicado pelo Ministério da Saúde dos rebeldes.
Estes foram os primeiros ataques americanos contra os huthis desde que Trump retornou à Casa Branca em 20 de janeiro.
- "Força letal avassaladora" -
"Nunca tinha sentido tanto medo desde o início da guerra, disse Malik, morador de Sanaa e pai de três filhos, que descreveu os bombardeios como "absolutamente aterrorizantes".
"Meus filhos gritavam e choravam em meus braços. É a primeira vez que rezo a Shahada", a oração que se recita antes de morrer, disse o homem de 43 anos.
Em uma mensagem em sua rede social Truth Social, o presidente americano Donald Trump anunciou uma "ação militar decisiva e poderosa" contra os huthis".
"Usaremos uma força letal avassaladora até atingirmos nosso objetivo", acrescentou.
Os huthis fazem parte do que o Irã chama de "eixo de resistência" contra Israel, que também inclui o movimento islamista palestino Hamas, o grupo libanês Hezbollah e as milícias do Iraque. Hamas e Hezbollah também condenaram os bombardeios americanos.
Os huthis executaram ataques com mísseis contra Israel e vários navios que acusam de vínculos com Israel.
O grupo justifica suas ações em nome da solidariedade com os palestinos após o início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas em território israelense em 7 de outubro de 2023.
Após a entrada em vigor, em 19 de janeiro, de uma frágil trégua em Gaza depois de 15 meses de guerra, os huthis pausaram seus ataques.
Contudo, em 11 de março, depois que Israel se recusou a permitir a entrega de ajuda humanitária a Gaza, anunciaram a intenção de retomar os ataques contra navios comerciais que passam pelas costas do Iêmen e que consideram vinculados a Israel.
Diante das exigências de Trump de que o Irã pare de apoiar os huthis, o general Hussein Salami, comandante da Guarda Revolucionária, declarou que Teerã "não busca a guerra, mas se alguém o ameaçar, dará respostas apropriadas, determinadas e definitivas".
Por sua vez, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, conversou com seu homólogo russo, Serguei Lavrov, por telefone e disse que "não serão tolerados os contínuos ataques dos huthis contra embarcações militares e comerciais americanas no Mar Vermelho". A Rússia é um aliado próximo do Irã.
Lavrov respondeu que todas as partes devem abster-se do "uso da força" no Iêmen e iniciar um "diálogo político", segundo Moscou.
Os ataques dos huthis contra navios interromperam o tráfego no Mar Vermelho e no Golfo de Aden, uma área marítima essencial para o comércio mundial.
O governo dos Estados Unidos decidiu criar uma coalizão naval multinacional e atacar alvos rebeldes no Iêmen, às vezes com a ajuda do Reino Unido.
L.Henrique--PC