Portugal Colonial - Processo em Londres por tragédia ambiental em Mariana chega ao fim

Processo em Londres por tragédia ambiental em Mariana chega ao fim

Processo em Londres por tragédia ambiental em Mariana chega ao fim

O julgamento contra a mineradora australiana BHP pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015 no subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais, termina nesta quinta-feira (13) em Londres, à espera de um veredicto, que deve ser anunciado em alguns meses, com 630.000 pessoas afetadas reivindicando indenizações.

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Os autores da ação recorreram à Justiça britânica porque não concordaram com os processos julgados no Brasil, reivindicando indenizações de 36 bilhões de libras (mais de 46 bilhões de dólares, 266 bilhões de reais).

A decisão pode ser anunciada dentro de alguns meses, mas não há uma data concreta, o que pode resultar em um segundo processo se uma das partes apresentar um recurso contra o veredicto.

Em 5 de novembro de 2015, o rompimento da barragem de rejeitos de uma mina de ferro em Bento Rodrigues, subdistrito de Mariana, no estado de Minas Gerais, matou 19 pessoas, devastou várias localidades, incluindo comunidades indígenas, e despejou 40 milhões de metros cúbicos de lama tóxica no rio Doce e no oceano Atlântico.

A BHP tinha duas sedes na época dos fatos, uma delas em Londres, o que explica este julgamento civil na capital britânica.

O julgamento britânico começou em 21 de outubro, mas entrou em recesso no fim de janeiro, antes de ser retomado em 5 de março, para ser concluído nesta quinta-feira. As duas partes apresentaram suas conclusões na última semana.

A barragem de Fundão era operada pela Samarco, empresa de propriedade conjunta da australiana BHP e da brasileira Vale. A BHP rejeita ser o "poluidor direto" desde o início do julgamento.

- Acordo no Brasil -

Após o início do processo em Londres, a Justiça brasileira absolveu, em meados de novembro, a Samarco, a Vale e a BHP de qualquer responsabilidade pela tragédia.

A decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) de Belo Horizonte entendeu que as provas analisadas não eram "determinantes" para estabelecer sua responsabilidade.

Pouco antes, em 25 de outubro, quando o julgamento em Londres havia acabado de começar, o Governo Federal assinou um acordo de indenização com as empresas envolvidas no valor de cerca de R$ 132 bilhões.

"Este caso evidenciou o conhecimento da BHP, praticamente desde o início, do grave risco que a barragem representava para as comunidades vizinhas e o meio ambiente", afirmou Tom Goodhead, diretor geral do Pogust Goodhead, escritório britânico de advocacia que defende os demandantes.

"O fato de ter continuado a evadir sua responsabilidade durante uma década, utilizando seus consideráveis recursos, para evitar proporcionar uma compensação adequada às comunidades que ficaram sepultadas, é triste para uma empresa que antes era carinhosamente conhecida como a Grande Australiana", acrescentou o advogado.

A empresa australiana alegou nos cinco meses de julgamento em Londres que ofereceu assistência financeira a 432.000 pessoas, empresas locais e comunidades indígenas, mas os advogados das vítimas não estão satisfeitos com as medidas adotadas pela BHP, Vale e Samarco.

"Quando o julgamento começou na Inglaterra, a BHP cinicamente fechou um acordo político com as autoridades brasileiras, mas não informou a ninguém que sabia que menos de 40% dos afetados que são parte do processo inglês poderiam participar", explica Tom Goodhead.

A empresa australiana, que afirma que a qualidade da água do rio foi recuperada, reconhece uma "tragédia", mas acredita ter demonstrado, durante o julgamento em Londres, que "priorizou a segurança e agiu com responsabilidade", segundo um porta-voz do grupo.

A.Silveira--PC