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Biden pede para 'baixar a temperatura' política; Trump já tem chefe de gabiente
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu para "baixar a temperatura" política e prometeu uma transição "pacífica" de poder a Donald Trump, que já escolheu sua chefe de gabinete.
Biden sabe que, após a derrota de Kamala Harris, resta aceitar o veredicto das urnas e levantar o ânimo dos apoiadores. E foi o que ele fez em um discurso à nação, que aproveitou ainda para tentar apaziguar um país politicamente muito polarizado.
"Algo que espero que possamos fazer, independentemente de em quem você votou, é nos vermos uns aos outros não como adversários, mas como concidadãos americanos. Baixar a temperatura", disse ele na Casa Branca.
"Uma derrota não significa que estamos derrotados. Perdemos esta batalha, [mas] os Estados Unidos dos seus sonhos estão chamando para que se levantem", acrescentou.
Segundo ele, "os reveses são inevitáveis, mas se render é imperdoável".
O presidente insistiu em que o sistema eleitoral americano "é honesto, justo e transparente, e pode-se confiar nele, ganhando ou perdendo".
Seu discurso conciliador contrasta com a reação de Trump quando perdeu as eleições, há quatro anos.
Na ocasião, o republicano incentivou seus apoiadores a "lutar como o diabo", antes de centenas deles invadirem o Capitólio, sede do Legislativo, para tentarem impedir a certificação da vitória de Biden.
O presidente convidou Trump para visitar a Casa Branca. Será a primeira vez que ambos ficarão frente à frente desde o desastroso desempenho do democrata, de 81 anos, em um debate que o obrigou a desistir da disputa à reeleição e passar o bastão à sua vice, Kamala Harris, derrotada nas urnas na última terça.
O líder octogenário segue adiante com sua agenda. Este mês, ele viajará para a cúpula da Apec, no Peru, e, na sequência, passará pelo Brasil, onde realizará uma visita inédita à floresta amazônica e participará da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, informou a Casa Branca.
- Trump na Flórida -
Trump está em sua mansão, em Mar-a-Lago, na Flórida, de onde alinha sua próxima equipe de governo.
Desde a sua vitória, falou com "provavelmente" 70 líderes mundiais, mas ainda tem pendente uma conversa com Putin. "Acho que falaremos", declarou Trump à NBC News.
O republicano já tem uma chefe de gabinete. Será sua diretora de campanha, Susie Wiles, que o ajudou a ganhar as eleições.
Trump a descreve como "dura, inteligente, inovadora" e com vontade de trabalhar "incansavelmente para Fazer os Estados Unidos Grandes de Novo", seu lema, "Make America Great Again".
Especula-se que também contará com Robert F. Kennedy Jr., um ativista antivacina herdeiro da dinastia política americana que renegou os democratas, e com o bilionário Elon Musk, o homem mais rico do mundo, que se envolveu fortemente na campanha.
Kennedy declarou à NBC News que não vai tirar as vacinas "de ninguém", mas reiterou que recomendará eliminar o flúor do abastecimento de água.
O presidente eleito quer que Musk audite o governo para reduzir os gastos.
Os eleitores apoiaram as políticas linha-dura de Trump e sancionaram o histórico de Biden e Kamala.
- 'A economia mais forte' -
Eles se queixam da inflação e isso determinou o voto de milhões deles, segundo as pesquisas de boca de urna.
"Deixamos para trás a economia mais forte do mundo. Sei que as pessoas ainda estão sofrendo, mas as coisas estão mudando rapidamente", afirmou Biden na quarta-feira.
Trump chegará à Casa Branca com uma condenação criminal e será o presidente de mais idade a ser empossado.
Ele obteve sua revanche depois de uma campanha tumultuada, na qual escapou com vida de duas tentativas de assassinato.
E governará com uma enorme vantagem: seu partido arrebatou dos democratas a pequena maioria que tinham no Senado e se encaminha para assumir o controle da Câmara de Representantes.
Ele não só venceu no Colégio Eleitoral, mas também no voto popular.
Chegará à Casa Branca mais forte do que nunca. Seu partido lhe será leal porque eliminou as vozes mais críticas durante os últimos quatro anos ou elas mesmas se afastaram.
Entre suas muitas prioridades, estão usar o Departamento de Justiça para atacar quem considera seu inimigo, deportar os migrantes em situação irregular, especialmente aqueles com antecedentes criminais e impor a pena de morte aos traficantes de drogas e de pessoas.
Além disso, se propõe a impor tarifas alfandegárias amplamente, em particular aos produtos chineses, e incentivar a extração de petróleo.
Na política externa, prometeu acabar com a guerra na Ucrânia, sem dizer como, e dar um apoio inabalável ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
H.Portela--PC