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Inflação na zona do euro cai para 2,2% e aproxima-se da meta do BCE
A inflação interanual na zona do euro caiu para 2,2% em agosto, o seu nível mais baixo em três anos, aproximando-se assim do objetivo de 2% estabelecido pelo Banco Central Europeu (BCE).
A inflação havia registrado uma leve recuperação para 2,6% em julho, depois de tímidos 2,5% em junho, segundo estimativas divulgadas nesta sexta-feira (30) pela agência europeia de estatísticas Eurostat.
Os 2,2% de agosto constituem a inflação a ritmo anual mais baixa registrada desde julho de 2021, quando atingiu esse mesmo nível. Além disso, o número coincide totalmente com as previsões dos analistas.
O desempenho de agosto, segundo números do Eurostat, se apoia em uma queda de 3,0% nos preços da energia.
Entretanto, a inflação subjacente – a mais observada pelos analistas, já que não considera a energia e os alimentos – registrou 2,8%, uma leve queda face aos 2,9% que tinha apresentado em julho.
Entre as principais economias da zona do euro, a Alemanha registrou uma inflação a ritmo anual de 2,0% em agosto, face a 2,4% em julho.
A França apresentou 2,2% (2,7% em julho), Itália 1,3% (1,6% em julho) e Espanha 2,4%, também com queda acentuada em relação aos 2,9% do mês anterior.
Estes resultados aproximam a inflação da zona do euro da meta de 2% adotada pelo BCE, com uma clara tendência de retrocesso desde o máximo de 10,6% registrado em outubro de 2023.
A partir desse momento, o BCE iniciou uma sequência de fortes aumentos da taxa de juros de referência, que desacelerou timidamente em junho deste ano.
O BCE tem uma reunião marcada para 12 de setembro, para a qual se espera alguma redução, apesar das mensagens de advertência emitidas pela instituição monetária.
Nesta mesma sexta-feira, o Eurostat anunciou que o desemprego na zona do euro em julho foi de 6,4%, o mais baixo da série histórica, embora tenha oscilado entre 6,4% e 6,5% durante uma parte significativa do ano.
- Expectativa sobre o BCE -
Nesta tabela, os analistas concordam que a tendência pressiona agora a reação do BCE durante o resto do ano.
Sam Miley, economista do Centre for Economics and Business Research de Londres, destacou que os resultados de agosto indicam a taxa de crescimento de preços mais lenta em mais de três anos e tornam mais provável um corte nas taxas na próxima reunião de política monetária do BCE.
No entanto, acrescentou, a inflação subjacente "e o contínuo ajuste do mercado de trabalho apresentarão fatores de risco para a implementação de uma política monetária mais flexível" por parte do BCE.
Por sua vez, Jack-Allen Reynolds, economista da Capital Economics, manifestou-se confiante para uma redução das taxas de juros em setembro, gesto que deverá repetir-se em dezembro.
"A inflação dos serviços, que as autoridades monitoram especialmente de perto, aumentou de 4,0% para 4,2%", observou.
No entanto, esta inflação nos serviços teria sido impulsionada pelo aumento dos transportes e das rendas, provavelmente uma consequência dos Jogos Olímpicos de Paris.
"Acreditamos que o BCE vaicortar as taxas de juros na sua reunião de setembro porque os dados de agosto não serão suficientes para alterar significativamente a visão das autoridades de que a inflação cairá em direção à meta no segundo semestre do próximo ano", observou.
Entretanto, Poppy Hawkins, economista da empresa britânica Camarco, indicou que "nem tudo é bom no relatório: estima-se que os preços dos serviços tenham aumentado até 4,2% na comparação anual, claramente acima do objetivo do BCE".
Isto, acrescentou a especialista, "provavelmente reflete um mercado de trabalho relativamente apertado" e poderá levar o BCE a permanecer cauteloso na sua reunião de setembro.
G.Machado--PC