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Putin promete fortalecer relações com o Vietnã durante visita de Estado
Vladimir Putin iniciou nesta quinta-feira (20) uma visita de Estado ao Vietnã, país ao qual Moscou fornece armas há décadas, um dia após assinar um acordo de defesa com a Coreia do Norte que preocupa as potências ocidentais.
"A Rússia dá grande importância ao fortalecimento das relações com o Vietnã", declarou o presidente russo após uma reunião bilateral com seu homólogo vietnamita, To Lam.
"Expressamos o interesse mútuo na criação de uma arquitetura de segurança confiável e adequada na Ásia-Pacífico, baseada nos princípios de não recorrer à força, na solução pacífica de disputas e onde não exista espaço para blocos político-militares fechados", alegou.
Hanói e Moscou assinaram vários acordos nas áreas da justiça, educação ou energia nuclear civil. O Vietnã também espera "estimular a cooperação em defesa e segurança", disse To Lam.
As relações entre Rússia e o Vietnã têm suas raízes históricas nas guerras que envolveram o Partido Comunista do Vietnã (PCV), que recebeu apoio militar do "irmão mais velho" soviético para derrotar o Sul capitalista e unir o país em 1975.
Moscou permanece como o principal fornecedor de armas ao Vietnã, mas os volumes diminuíram nos últimos anos, apesar das crescentes tensões no Mar do Sul da Meridional, onde Hanói teme os objetivos expansionistas de Pequim.
Putin desembarcou no Vietnã durante a madrugada de quinta-feira, após uma visita a Pyongyang, onde o dirigente norte-coreano Kim Jong Un o chamou de "melhor amigo" da Coreia do Norte.
Os dois países, alvos de sanções ocidentais, assinaram um acordo de "associação estratégica global", que prevê assistência mútua "em caso de agressão" e um possível fortalecimento da "cooperação técnico-militar", segundo Putin.
Os Estados Unidos e seus aliados temem que a contínua aproximação possa resultar em novas entregas de munições e mísseis norte-coreanos à Rússia para a guerra na Ucrânia.
O Japão afirmou que está "muito preocupado" com o acordo e a União Europeia anunciou um acordo para um novo pacote de sanções contra Moscou.
- Diplomacia flexível -
Após a recepção triunfal na Coreia do Norte, Putin recebeu teve uma cerimônia de boas-vindas mais formal no palácio presidencial em Hanói, com tiros de canhão e soldados em formação.
As ruas de Hanói foram decoradas com bandeiras da Rússia e um grande esquema de segurança foi determinado para receber Putin.
Putin tem uma reunião programada com o secretário-geral do PCV, Nguyen Phu Trong, o nome mais influente do regime. Trong, 80 anos, passou parte dos seus estudos na União Soviética na década de 1980.
O líder russo também participará de uma cerimônia no mausoléu do pai da independência vietnamita, Ho Chi Minh, assim como de um banquete na Ópera, um edifício de estilo colonial. A viagem deve terminar durante a noite de quinta-feira.
Ao receber Putin, alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), o Vietnã pode irritar os aliados ocidentais, a começar pelos Estados Unidos, que consideram o país asiático, de 100 milhões de habitantes, estratégico para a produção de semicondutores, entre outros produtos.
No ano passado, tanto o presidente chinês, Xi Jinping, como o americano, Joe Biden, visitaram Hanói. O país tenta manter a mesma distância entre as duas superpotências rivais, segundo os preceitos flexíveis da chamada "diplomacia do bambu", que combina prudência e pragmatismo.
O.Gaspar--PC