Portugal Colonial - Presidente do Panamá promete fechar mina canadense após decisão da Suprema Corte

Presidente do Panamá promete fechar mina canadense após decisão da Suprema Corte
Presidente do Panamá promete fechar mina canadense após decisão da Suprema Corte / foto: Roberto Cisneros - AFP

Presidente do Panamá promete fechar mina canadense após decisão da Suprema Corte

O presidente do Panamá, Laurentino Cortizo, prometeu nesta terça-feira (28) um processo de fechamento "ordenado e seguro" da maior mina de cobre da América Central, de capital canadense, depois que a Suprema Corte considerou "inconstitucional" seu contrato de concessão.

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A aprovação do contrato de mineração pelo Congresso, em 20 de outubro, foi o estopim dos maiores protestos no Panamá desde a queda do ditador Manuel Noriega, em 1989, deixando o país parcialmente parado por mais de um mês, com bloqueios rodoviários, episódios de violência, escassez de alimentos e prejuízos milionários.

"Assim que receber a comunicação oficial da sentença que declara inconstitucional" o contrato mineiro, "será efetuada de imediato sua publicação no Diário Oficial e será iniciado o processo de transição para um fechamento ordenado e seguro da mina", afirmou Cortizo em mensagem televisionada à nação.

"Pelo impacto do processo de fechamento para a sociedade panamenha", cada decisão que for adotada "tem que ser atendida de maneira responsável, inclusiva e participativa", acrescentou o presidente, criticado por sua "inação" frente aos bloqueios.

A Suprema Corte considerou "inconstitucional" o contrato entre o governo panamenho e a mineradora canadense First Quantum Minerals (FQM) para operar durante 40 anos a mina, que emprega cerca de 50.000 trabalhadores diretos e indiretos.

Após o anúncio, houve comemorações em diferentes partes do país e começaram a ser suspensos os bloqueios viários.

À tarde, centenas de panamenhos comemoravam a decisão do Supremo, anunciada no dia em que o país comemora a independência da Espanha, em um ato na avenida do distrito financeiro da capital.

"É uma sentença transcendental, não apenas para o futuro do Panamá, mas para nossa defesa nos tribunais internacionais. Nenhuma empresa estrangeira pode vir aqui jogar seus milhões em nós e dizer que porque investe pode fazer o que bem entender", disse à AFP a ambientalista Raisa Banfield.

Os protestos e os bloqueios nas rodovias provocaram prejuízos de mais de 1,7 bilhão de dólares (8,3 bilhões de reais) para a agropecuária, o turismo e o comércio, segundo sindicatos de empresários.

A mineradora reagiu por meio de nota, afirmando que, "desde o começo", agiu "com transparência e estrito apego à legislação panamenha", e insistiu no "diálogo".

A empresa assegurou que "também ouviu o clamou popular". Por esta razão, acrescentou, seus representantes permanecerão "atentos ao diálogo construtivo, que permita definir um curso de ação que satisfaça esse clamor" e "os interesses e expectativas legítimas" do investimento.

- Moratória de mineração -

O movimento de protesto começou em 20 de outubro, depois que o Congresso aprovou o novo contrato assinado pelo governo e a FQM, firmado depois de a Suprema Corte declarar inconstitucional o acordo original de 1997.

A FQM alega que a mina gera 50.000 empregos, contribui com 5% do PIB do país e que o contrato inclui o pagamento de royalties anuais que chegam a 375 milhões de dólares (1,8 bilhão de reais), 10 vezes acima do acordo inicial.

Desde 2019, a mina produz anualmente quase 300.000 toneladas de concentrado de cobre, o que representa 75% das exportações panamenhas. Também conta com cerca de 2.500 fornecedores no país, que vendem mercadorias para a mina que chegam ao montante de 900 milhões de dólares anuais (4,4 bilhões de reais).

Os ambientalistas afirmam que a mina prejudica gravemente o meio ambiente por estar em um corredor biológico que liga a América Central ao México. O ator americano Leonardo DiCaprio e a ativista sueca Greta Thunberg fizeram referência aos protestos panamenhos em suas redes sociais.

Tentando minimizar o descontentamento, o Congresso aprovou em 3 de novembro a suspensão por tempo indeterminado das concessões para exploração e aproveitamento de minas de metais, deixando o futuro do contrato entre a FQM e o governo nas mãos da Suprema Corte.

- E agora? -

 

Alguns especialistas acreditam que o governo terá mais facilidade em defender sua posição após a decisão do Supremo, já que agora pode alegar que a decisão o levou a romper o contrato.

"Claro que a gente tem mais força com uma sentença", disse à AFP o advogado Ernesto Cedeño, que apresentou um dos recursos contra o contrato.

A Câmara do Comércio pediu a aceitação da sentença e a preparação de forma consensual e técnica para "um fechamento ordenado" da mina.

Felipe Chapman, da empresa de assessoria econômica Indesa, disse à AFP que "se [a mina] for fechada, perde-se sua contribuição para o tamanho do PIB, que levará alguns anos para recuperar, assim como os empregos e a receita tributária", mas apontou que o país pode incentivar outros setores para substituir a mineração, como o turismo.

A.Santos--PC