Portugal Colonial - Mães da Praça de Maio recebem apoio de ativistas na Argentina

Mães da Praça de Maio recebem apoio de ativistas na Argentina
Mães da Praça de Maio recebem apoio de ativistas na Argentina / foto: Luis ROBAYO - AFP

Mães da Praça de Maio recebem apoio de ativistas na Argentina

Centenas de ativistas acompanharam nesta quinta-feira (23) a tradicional ronda das Mães da Praça de Maio, a organização que luta por informações sobre os desaparecidos da ditadura argentina (1976-83) e que denuncia o "negacionismo" do futuro governo do libertário de extrema direita Javier Milei.

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Com os característicos lenços brancos na cabeça, as Mães também fizeram uma homenagem a sua ex-presidente, Hebe de Bonafini, falecida há um ano.

"Nós, as Mães, viemos todas as quintas, mas hoje é um dia mais que especial, completa um ano do falecimento de Hebe de Bonafini. Também viemos pelo negacionismo do futuro governo que vamos ter. É como um sinal de protesto para defender nossos queridos 30.000 desaparecidos", declarou à AFP Carmen Ramiro, de 89 anos e que busca informações sobre seu marido e seu filho mais velho.

Bandeiras de organizações sociais encheram a Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede da Presidência. Fotos de Bonafini foram colocadas em torno da Pirâmide, o monumento ao redor do qual as Mães marcham desde 1977 e onde foram espalhadas as suas cinzas.

As organizações de defesa dos direitos humanos estão em alerta com a posse de Milei, libertário e ultraliberal que questiona a cifra de 30.000 desaparecidos da ditadura e que alega que o ocorrido foi uma "guerra", na qual as forças do Estado cometeram "excessos".

"Houve um genocídio. Não foi uma guerra. Saímos às ruas com o lema de aparecer vivos e julgar e punir os culpados. Muitas mães já morreram sem saber o que aconteceu com seus filhos. Também não sei o que aconteceu com o meu. Seguirei caminhando até o fim da minha vida", disse Ramiro.

Em 1985, ao retornar à democracia, a Argentina realizou um julgamento histórico das Juntas Militares. Sobreviventes revelaram um plano sistemático para perseguir e assassinar opositores, muitos lançados no Rio da Prata nos chamados "voos da morte".

Após anular leis de anistia em 2005, a Justiça condenou mais de mil agentes da repressão em cerca de 330 julgamentos por crimes de lesa humanidade. Dezenas ainda estão sendo fundamentados.

J.V.Jacinto--PC