Portugal Colonial - Fatih Birol, um aliado inesperado na luta contra as mudanças climáticas

Fatih Birol, um aliado inesperado na luta contra as mudanças climáticas
Fatih Birol, um aliado inesperado na luta contra as mudanças climáticas / foto: JOEL SAGET - AFP

Fatih Birol, um aliado inesperado na luta contra as mudanças climáticas

Diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol se tornou um aliado inesperado na luta contra as mudanças climáticas. Presente em todos os grandes fóruns mundiais, o dirigente defende o fim da utilização do petróleo como fonte energética.

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Birol está em todos os lados: no Fórum de Davos, no G20, na ONU... sempre com um sorriso no rosto, mas também uma mensagem implacável: a da necessidade da transição energética, a qual defende segundo os números de sua organização.

"Sou muito honesto e acredito nos números. Nem todos concordam conosco, mas ninguém questiona o rigor das nossas análises", resume o economista de 65 anos que passou 35 deles trabalhando no setor de energia.

A mudança adotada pela AIE ficou evidente em maio de 2021, com a publicação de um roteiro "para a neutralidade carbônica em 2050".

Entre as medidas sugeridas, uma muito contundente: renunciar "desde já" a todos os projetos de extração de gás e petróleo. Uma ideia que não agrada o setor.

Para Gernot Wagner, economista da Columbia Business School, o relatório da AIE abriu uma "janela de possibilidades" para a rápida implantação de energia com baixas emissões de carbono.

- "Herói inesperado" -

Diretor-executivo da AIE desde 2015, Birol afirmou à AFP que desde o início se propôs a "modernizar a estratégia" da instituição.

"Para começar, abri a porta aos países emergentes: China, Índia, México, Brasil, África do Sul... onze países se tornaram membros plenos ou associados", relembra.

"Disse ue era momento de fazer da AIE a líder da transição para as energias limpas, porque mais de 80% das emissões que provocam as alterações climáticas provêm do setor energético", acrescentou.

Tal trajetória tem sido reconhecida por ativistas do clima, que o consideram como um "herói inesperado".

Recentemente, o economista ainda entrou para a lista das 100 pessoas mais influentes do mundo da revista americana Times.

Segundo ele, o roteiro publicado em 2021 "se tornou uma referência para investidores, governos... foi um choque para a indústria do petróleo e do gás", setor que ele conhece bem após ter trabalhado durante seis anos na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

"Digo-lhes que diversifiquem porque a demanda por petróleo vai cair, basta olhar o aumento de veículos elétricos. Bons amigos dizem a verdade", ressalta ele.

No pequeno e moderno edifício da AIE, cerca de 300 especialistas produzem análises e previsões ao longo do ano, além de realizarem aconselhamento individualizado aos países e muitas reuniões de alto nível para abordar o financiamento e questões específicas.

Seu papel em tudo isso? A de "um árbitro honesto, que diz o que funciona e o que não funciona. Adoro meu trabalho porque faz a diferença", afirma o diretor.

A.Seabra--PC