Portugal Colonial - Acordo de exportação de grãos ucranianos expira após Rússia rejeitar renovação

Acordo de exportação de grãos ucranianos expira após Rússia rejeitar renovação
Acordo de exportação de grãos ucranianos expira após Rússia rejeitar renovação / foto: - - Crimea24TV/AFP

Acordo de exportação de grãos ucranianos expira após Rússia rejeitar renovação

O acordo de exportação de grãos ucranianos expirou nesta segunda-feira (17), às 18h de Brasília, depois que a Rússia se recusou a prorrogá-lo após um ataque ucraniano que destruiu parcialmente, e pela segunda vez, a ponte que liga o território russo com a península anexada da Crimeia.

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"O acordo do Mar Negro terminou de fato hoje", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, à imprensa.

O acordo expirou à meia-noite desta segunda-feira, no horário de Istambul (18h00 em Brasília), a data-limite estabelecida na última prorrogação por dois meses em maio.

"Assim que a parte relativa à Rússia [do acordo] for cumprida, a Rússia retornará imediatamente ao acordo de grãos", acrescentou Peskov.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, declarou que seu país está disposto a manter as exportações de grãos.

"Mesmo sem a Rússia, tudo o que for possível deve ser feito para que possamos usar esse corredor [para exportação] no Mar Negro. Não temos medo", insistiu.

Moscou vinha se queixando há meses que os interesses russos do pacto não estavam sendo respeitados, o que inclui levantar os obstáculos para exportar produtos agrícolas e fertilizantes.

O acordo aliviou os temores de uma crise alimentar mundial e permitiu exportar mais de 32 milhões de toneladas de grãos ucranianos.

"A Rússia notificou hoje oficialmente as partes turca e ucraniana, assim como o Secretariado da ONU, de sua objeção à extensão do acordo", assinalou a agência TASS, citando a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova.

- Explosão em ponte da Crimeia -

A decisão russa ocorreu poucas horas depois que drones navais ucranianos atacaram a ponte no estreito de Kerch, que é essencial para o abastecimento de soldados russos na Ucrânia.

"O ataque de hoje à ponte da Crimeia é uma operação especial da SBU [serviços especiais ucranianos] e da Marinha", disse à AFP uma fonte dos serviços de segurança ucranianos.

As autoridades russas anunciaram que um casal morreu no ataque e sua filha ficou ferida.

A ponte de Kerch já havia sofrido danos em outubro de 2022, em um atentado que Moscou atribuiu à Ucrânia. Kiev, por outro lado, negou sua responsabilidade nesse ataque.

As autoridades locais informaram que o trânsito tinha sido interrompido na ponte e recomendaram aos turistas que permanecessem abrigados. Também pediram aos russos que viajam à península, anexada por Moscou em 2014, que transitem pelos territórios ucranianos ocupados.

Nesta segunda, o presidente russo, Vladimir Putin, pediu um reforço nas medidas de segurança no entorno da ponte e prometeu uma resposta da Rússia ao ataque.

"Tendo em conta que se trata do segundo ato terrorista na ponte da Crimeia, espero propostas concretas para melhorar a segurança desta infraestrutura de transporte importante e estratégica", declarou Putin durante reunião governamental transmitida pela televisão.

"É evidente que haverá uma resposta da Rússia. O Ministério da Defesa prepara propostas adequadas", acrescentou.

- 'Humanidade como refém' -

A decisão russa de não renovar o acordo provocou uma onda de reações internacionais.

É um "ato de crueldade", disse Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos EUA na ONU, que acusou Moscou de manter "a humanidade como refém".

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou, por sua vez, que milhões de pessoas vão "pagar o preço" por esta decisão, que segundo ele "afetará as pessoas mais pobres em todo o mundo".

Alemanha e Reino Unido também criticaram Moscou. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, qualificou a decisão de "cínica".

Desde 27 de junho, não está autorizada a participação de novas embarcações para a exportação de grãos, informou em nota o Centro de Coordenação Conjunta (CCC), que supervisiona o acordo.

- Combates violentos -

No campo de batalha, a contraofensiva ucraniana iniciada em junho prossegue.

A vice-ministra da Defesa, Hanna Maliar, anunciou que as tropas ucranianas recuperaram 18 quilômetros quadrados no leste, perto da cidade de Bakhmut, sob controle russo desde maio.

A localidade, que tinha 70.000 habitantes antes da guerra, foi completamente destruída durante a batalha mais longa e violenta desde o início da ofensiva, em fevereiro de 2022.

Nas proximidades de Kupiansk, na província de Kharkiv (nordeste), as forças russas avançam de maneira ativa desde o fim da semana passada", disse Maliar.

Kiev admitiu que a contraofensiva avança de maneira lenta e insiste em que os Estados Unidos e outros países aliados forneçam mais armas de longo alcance.

"As pessoas deveriam entender o preço que pagamos por [avançar]", disse à AFP um comandante no front. "Há muitos inimigos. Precisamos de tempo para reduzi-los", acrescentou.

L.Carrico--PC