Portugal Colonial - Premiê diz que Índia está 'completamente pronta' para apoiar 'paz' na Ucrânia

Premiê diz que Índia está 'completamente pronta' para apoiar 'paz' na Ucrânia
Premiê diz que Índia está 'completamente pronta' para apoiar 'paz' na Ucrânia / foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS - AFP

Premiê diz que Índia está 'completamente pronta' para apoiar 'paz' na Ucrânia

O presidente americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, disseram, nesta quinta-feira (22), que as relações entre as duas democracias vão definir o próximo século, em um momento em que Washington busca um contrapeso para a China e descarta os apontamentos de um crescente autoritarismo em Nova Délhi.

Tamanho do texto:

Biden estendeu o tapete vermelho e recebeu com honras militares Modi em sua visita de Estado, na qual surgiram acordos importantes sobre motores para aviões de combate, investimentos em semicondutores e cooperação espacial.

"Há muito tempo acredito que a relação entre os Estados Unidos e a Índia será uma das mais decisivas do século XXI", disse Biden.

"Os desafios e oportunidades que o mundo enfrenta neste século requerem que a Índia e os Estados Unidos trabalhem e liderem juntos", acrescentou.

Modi, o premiê mais poderoso da Índia em décadas, disse, por sua vez, durante coletiva de imprensa, que a visita traz uma "nova direção e uma nova energia" para a "associação estratégica global" com os Estados Unidos.

A respeito de um tema que sabe ser sensível a Washington, Modi disse que a Índia está "completamente pronta para contribuir de qualquer forma para restaurar a paz" na Ucrânia.

Em comunicado conjunto, os dois países pediram respeito à "integridade territorial" ucraniana e fizeram "um apelo de respeito ao direito internacional, aos princípios da Carta da ONU e à integridade e soberania territoriais".

- "Nenhum espaço para a discriminação" -

Modi, que há uma década liderava o estado de Gujarat e foi proibido de entrar nos Estados Unidos acusado de violência religiosa, defendeu sua trajetória em declarações à imprensa incomuns para um primeiro-ministro geralmente apegado ao 'script'.

"Independentemente da casta, do credo, da religião, ao gênero, não há absolutamente nenhum espaço para a discriminação", disse Modi de forma de crítica a quem questiona o caráter democrático da Índia.

Várias associações têm acusado Modi de alimentar as perseguições contra a minoria muçulmana na Caxemira e de pressionar a imprensa e a oposição.

Modi destacou que "as sociedades e instituições, tanto dos Estados Unidos quanto da Índia, se baseiam em valores democráticos", e acrescentou que os dois países são "orgulhosos de sua diversidade".

Os dois líderes falarão à imprensa e responderão perguntas dos jornalistas, algo pouco comum para o chefe de Governo nacionalista hindu.

Depois, o líder asiático irá ao Congresso, e em seguida a um jantar de gala nos jardins da Casa Branca, que servirá um cardápio que, em sua homenagem, será vegetariano e inspirado na cozinha indiana.

Sua visita, no entanto, não agrada a todos: parlamentares democratas anunciaram a intenção de boicotar o discurso do líder indiano no Congresso, pois questionam o respeito aos direitos humanos e à liberdade religiosa na Índia.

- Grandes acordos de defesa -

Biden não pode estar mais que satisfeito ao ver a Índia diversificar seu equipamento de defesa. Washington confia em que uma relação mais próxima neste setor ajude a afastar a Índia da Rússia, que foi o principal fornecedor de equipamento militar para Nova Délhi durante a Guerra Fria.

Em um acordo descrito por Modi como um marco, os Estados Unidos assinaram uma transferência de tecnologia para motores conforme a Índia começa a produzir seus próprios aviões de combate.

A General Electric terá aval para produzir seus motores F414 em conjunto com a empresa estatal indiana Hindustan Aeronautics, informou um alto funcionário americano à imprensa.

Ele acrescentou que a Índia também compraria drones armados de alta precisão MQ-9B SeaGuardians.

Em boa medida, o governo Biden deixou passar a negativa indiana de se unir às sanções ocidentais contra a Rússia e, ao invés disso, passar a comprar petróleo com desconto de Moscou. Washington vê na Índia um alinhamento mais amplo ao desafio que a China representa e à ameaça do islã radical.

Segundo outro alto funcionário dos EUA, o grupo americano Micron, peso-pesado na fabricação de semicondutores, essenciais para a informática, vai anunciar um investimento de mais de US$ 800 milhões (R$ 3,9 bilhões na cotação atual) em uma fábrica na Índia, que se espera que vá alcançar 2,75 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 13 bilhões) depois das contribuições de Nova Delhi.

O alto funcionário disse que cabia aos Estados Unidos e à Índia construir um "ecossistema de semicondutores que permita a diversificação das cadeias de abastecimento", cuja fragilidade foi evidenciada pela pandemia de covid-19.

Como nova potência espacial em crescimento, a Índia também pactuou, durante a visita de Modi, unir-se aos Acordos de Artemis, um programa multinacional liderado pelos Estados Unidos para levar um ser humano à Lua em 2025.

Como parte dessa cooperação, em 2024, o programa espacial indiano fará uma missão conjunta com a Nasa na Estação Espacial Internacional.

C.Cassis--PC