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Manifestação por empregos e contra a pobreza reúne milhares de ativistas na Argentina
Milhares de ativistas de organizações sociais argentinas se manifestaram nesta quarta-feira (17) em frente à sede do governo, em Buenos Aires, em uma "marcha federal" por "empregos, melhores salários e contra a fome e pobreza", no momento em que o país enfrenta uma inflação de mais de 100% ao ano.
Os manifestantes - de trotskistas a peronistas dissidentes do governo, passando por apoiadores do Papa Francisco - exibiam cartazes com mensagens como "Chega de fome e ajuste" e "Rejeitamos o ajuste do FMI", contra o acordo assinado no ano passado pelo presidente Alberto Fernández com o Fundo Monetário Internacional (FMI) por um empréstimo de US$ 44,5 bilhões (cerca de R$ 223 bilhões), que implica restrições fiscais e monetárias para o país.
A manifestação reuniu grupos de diferentes correntes políticas, que abrangem setores menos favorecidos da sociedade, desempregados e beneficiários de auxílios alimentares, entre outros, conhecidos no país como "piqueteros".
"É importante a união para enfrentar este governo, que anda de mãos dadas com o FMI", disse Celeste Fierro, de 37 anos, líder da Frente de Esquerda (FIT).
Levando bandeiras argentinas e cartazes com imagens de Che Guevera, Juan Perón e Eva Perón, moradores do subúrbio e das favelas da capital chegaram à histórica Praça de Maio.
O índice de pobreza situa-se em 40% dos argentinos, embora atinja mais as crianças, uma vez que duas a cada três (66%) são pobres ou privadas de direitos básicos, segundo o Unicef.
Os níveis de privação alimentar afetaram um terço da população de crianças e adolescentes no segundo semestre de 2022, segundo o Observatório da Dívida Social, realizado pela Universidade Católica Argentina.
Entre os convocadores do protesto está o Sindicato de Trabalhadores da Economia Popular, que reúne trabalhadores vulneráveis, cujos líderes se identificam com a doutrina social da Igreja Católica (credo majoritário na Argentina) e os sermões do Papa em favor dos pobres.
- Inflação fora de controle -
"Há um ano, o presidente Alberto Fernández disse que iniciava a guerra contra a inflação, mas parece que ele se rendeu, como se pôde ver este mês, com uma inflação de mais de 8%", criticou Nahuel Orellana, de 32 anos, integrante do Movimento Socialista dos Trabalhadores-Teresa Vive.
A taxa de câmbio paralelo sobe diariamente, com diferença de 100% em relação ao dólar oficial, um fator desestabilizador para a economia e para os planos de Fernández e de seu ministro da Economia, Sergio Massa, que buscam conter a pressão sobre a moeda americana.
Massa é um potencial candidato governista às eleições presidenciais de 22 de outubro, um evento-chave, que explica a tensão social.
O governo argentino determinou hoje que sejam dobradas as restituições de impostos para os pobres na compra de alimentos, medicamentos e produtos de higiene.
A mobilização termina com um acampamento de ativistas na Praça de Maio e um ato de encerramento previsto para a quinta-feira. A manifestação começou na última segunda, com passeatas saindo das províncias do sul, oeste e norte do país.
F.Ferraz--PC