Portugal Colonial - Governo do Haiti condena massacre de ao menos 184 pessoas em Porto Príncipe

Governo do Haiti condena massacre de ao menos 184 pessoas em Porto Príncipe

Governo do Haiti condena massacre de ao menos 184 pessoas em Porto Príncipe

O governo do Haiti prometeu, nesta segunda-feira (9), deter os criminosos que, segundo um balanço da ONU, mataram pelo menos 184 pessoas durante o fim de semana em um bairro de Porto Príncipe.

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"Este ato de barbárie, de uma crueldade insuportável, custou a vida de mais de uma centena de mulheres e homens, principalmente idosos indefesos", afirmou o governo em um comunicado publicado na rede social X.

Segundo a ONG haitiana Comitê pela Paz e o Desenvolvimento (CPD), um poderoso líder de gangue, Micanord, ordenou a execução desses assassinatos após se convencer de que vários moradores haviam provocado a doença de seu filho praticando rituais vudus.

"Seus capangas perseguiram os idosos e adeptos do vudu em Wharf Jeremie [uma área do bairro de Cité Soleil] entre a noite de sexta-feira e o sábado, e os executaram antes de queimar seus cadáveres", explicou o diretor do CPD, Fritznel Pierre, à rádio haitiana Magik 9.

Os criminosos também mataram mototaxistas que tentavam fugir da área com moradores.

Segundo Pierre, o balanço de vítimas das autoridades não está completo porque os grupos criminosos impedem o acesso a Cité Soleil, situada a oeste da capital haitiana.

Mas o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, cifrou nesta segunda-feira em pelo menos 184 as vítimas do massacre.

Um morador do bairro contou à AFP que os criminosos mataram seu pai, de 76 anos, na noite de sexta-feira.

"Os bandidos incendiaram seu corpo. A família não consegue nem mesmo enterrá-lo porque não conseguimos recuperar seu corpo", disse este morador, que não quis se identificar para proteger seus familiares, que vivem em Wharf Jeremie.

- 5.000 vítimas -

"Esses últimos falecidos elevam a quantidade de mortos no Haiti neste ano a um número colossal de 5.000 pessoas", acrescentou o funcionário das Nações Unidas durante uma coletiva de imprensa em Genebra, em alusão às vítimas da violência das gangues.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou os fatos "aterradores" ocorridos durante o fim de semana em Porto Príncipe e pediu às autoridades que levem os responsáveis ante à Justiça, segundo o seu porta-voz.

O Haiti sofre há décadas com uma instabilidade política crônica e uma crise de segurança ligada à presença de gangues acusadas de assassinatos, sequestros e violência sexual contra a população.

As ações dessas gangues se agravou desde fevereiro, quando grupos armados lançaram ataques coordenados em Porto Príncipe para derrubar o então primeiro-ministro Ariel Henry.

As gangues controlam 80% de Porto Príncipe, e submetem o país a seu poder perante autoridades incapazes de deter seus ataques.

Uma força estrangeira apoiada pela ONU e financiada em grande parte pelos Estados Unidos começou a se instalar neste verão boreal sob a liderança de policiais quenianos, mas seus sucessos foram escassos até o momento.

Na rede social X, Sean Savett, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, pediu nesta segunda à comunidade internacional que se una aos Estados Unidos para fornecer "assistência imediata em matéria de segurança" para essa missão internacional.

Segundo o CPD, a maioria das pessoas assassinadas na sexta-feira e no sábado tinha mais de 60 anos, mas entre as vítimas também havia jovens que tentaram intervir.

A violência incessante deslocou mais de 700.000 pessoas, metade delas crianças, em todo o país, segundo dados da Organização Internacional de Migração (OIM) de outubro.

De origem africana e pilar da cultura do país, o vudu chegou ao Haiti com os escravizados africanos.

Proibido durante a ocupação colonial francesa (até a independência do país em 1804), o governo não o reconhecia como religião oficial até 2003.

M.Carneiro--PC