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Inundações na Espanha deixam pelo menos 95 mortos
Ao menos 95 pessoas morreram nas inundações provocadas pelas chuvas torrenciais que afetaram principalmente o sudeste da Espanha, levando caos a muitas localidades isoladas que os serviços de emergência tentavam acessar nesta quarta-feira (30) para socorrer as vítimas.
"A cifra atualizada é de 92 pessoas falecidas na Comunidade Valenciana, duas em Castela-Mancha e mais uma pessoa na Andaluzia, o que faz um total de 95 pessoas", disse à emissora pública TVE o ministro da Polícia Territorial, Ángel Victor Torres.
Torres alertou, ainda, que estes "são dados provisórios" porque "infelizmente tudo leva a crer que esta cifra vai aumentar".
Mais cedo, o balanço de vítimas era de pelo menos 73 mortos.
Valência era a região mais crítica para os serviços de emergência nesta quarta-feira, com estradas destruídas e áreas isoladas e sem serviços de telefonia ou eletricidade, o que gera temores de um número de mortos ainda maior.
"Está chovendo sem parar há 10 horas (...) Estamos isolados, não é possível acessar parte da cidade. As estradas estão todas cortadas, as pontes estão partidas", disse à AFPTV José Manuel Rellán, um morador da cidade valenciana de Ribarroja del Turia.
"Temo que o número de vítimas continue aumentando", alertou o líder da oposição de direita, Alberto Núñez Feijóo, que visitou uma localidade atingida em Castela La Mancha.
- Emergência "continua" -
As imagens impactantes registradas mostram enxurradas de água devastando ruas e arrastando automóveis.
A agência meteorológica estatal Aemet registrou "acúmulos extraordinários" de chuva, com alguns municípios recebendo 300 mm de água por metro quadrado em apenas algumas horas, "praticamente o que pode chover em um ano inteiro", disse na rede social X.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que visitará a área afetada na quinta-feira, pediu aos moradores para que não baixassem a guarda enquanto a emergência "continua".
"Não vamos deixá-los sozinhos", garantiu Sánchez.
O governo decretou três dias de luto oficial a partir de quinta-feira.
O transporte ferroviário e aéreo na região continua suspenso e o trem de alta velocidade entre Madri e Valência só voltará a funcionar na próxima semana, informaram as autoridades.
"Reiteramos a importância de não fazer deslocamentos por estrada" nas áreas afetadas na região de Valência, insistiu o presidente regional, Carlos Mazón.
- Tragédia "da qual ninguém tem memória" -
O rei Felipe VI expressou sua "tristeza por tantas perdas de vidas humanas", em uma mensagem enviada das Ilhas Canárias.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a "Europa está pronta para ajudar" a Espanha.
"Estamos diante de uma situação inédita, da qual ninguém tem memória", disse o chefe do governo de Valência.
Este é o fenômeno meteorológico com o maior número de vítimas na Espanha desde agosto de 1996, quando 86 pessoas morreram durante as chuvas torrenciais que destruíram um camping na província de Huesca.
- As pessoas "não sabem o que fazer" -
O governo enviou para Valência mais de 1.000 soldados da Unidade Militar de Emergência, especializada em missões de salvamento, para apoiar os serviços de resgate locais e o Exército mobilizou unidades caninas para buscar corpos, necrotérios móveis e psicólogos para atender as vítimas.
A Aemet alertou que as chuvas continuarão pelo menos até a quinta-feira, embora se desloquem para o nordeste até a região da Catalunha.
Os cientistas alertam para o fato de os fenômenos meteorológicos extremos, como as ondas de calor e as tempestades, estarem se tornando mais intensos devido às mudanças climáticas.
"Estes fenômenos extremos podem ultrapassar a capacidade de resposta dos planos de emergência existentes, mesmo em um país relativamente rico como a Espanha", disse Leslie Mabon, professora de Sistemas Ambientais na Universidade Aberta da Grã-Bretanha.
O elevado número de mortos sugere que o sistema de alerta de inundações de Valência falhou, segundo Hannah Cloke, professora de Hidrologia na Universidade de Reading.
"As pessoas simplesmente não sabem o que fazer quando são confrontadas com uma inundação ou quando ouvem avisos", afirmou.
A.Santos--PC