Portugal Colonial - Tem início processo de impeachment contra ministra do Interior do Equador

Tem início processo de impeachment contra ministra do Interior do Equador
Tem início processo de impeachment contra ministra do Interior do Equador / foto: Rodrigo BUENDIA - AFP

Tem início processo de impeachment contra ministra do Interior do Equador

O Congresso do Equador, de maioria opositora, iniciou, nesta quarta-feira (23), um julgamento político contra a ministra do Interior, Mónica Palencia, pelo suposto descumprimento de suas funções para enfrentar a crise de segurança crescente provocada pela violência do narcotráfico.

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Palencia, a face mais visível do governo em sua luta cotra a criminalidade galopante que aflige o país, apresentará sua defesa frente às acusações de dois legisladores alinhados ao ex-presidente socialista Rafael Correa, que buscam sua destituição.

Para tirar a ministra do cargo, é preciso o apoio de 92 dos 137 parlamentares.

Está previsto que a ministra exponha seus argumentos durante pelo menos três horas. Os legisladores Leonardo Berrezueta e Paola Cabezas, do partido Revolução Cidadã, terão duas horas para apresentar suas provas contra a ministra.

O correísmo, interpelante durante o processo de qualificação do julgamento, também criticou Palencia pela incursão da força pública na embaixada mexicana em Quito para capturar o ex-vice-presidente Jorge Glas, a quem o México havia dado asilo.

Por causa da incursão na embaixada, o México acionou o Equador perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ) e tirou seu pessoal do país.

No começo de sua intervenção, Berrezueta ressaltou que Palencia deverá responder nesta quarta-feira pela "inexistência de um plano de segurança concreto", pela "profunda crise de insegurança que continua afetando o Equador" e pela fuga do líder da temida quadrilha Los Choneros, Adolfo Macías (conhecido como Fito), que deu origem a uma onda de violência em janeiro.

- Um país assolado pelo crime -

O Equador se tornou um dos países mais violentos do mundo. As mortes violentas passaram de 6 por 100.000 habitantes em 2018 para o recorde de 47 por 100.000 habitantes em 2023, segundo números oficiais.

Paralelamente, o país apreendeu entre janeiro e outubro deste ano o recorde de 232 toneladas de drogas, frente a 219 toneladas em 2023.

Para neutralizar a investida do narcotráfico, o presidente Daniel Noboa declarou o país em conflito armado interno e ordenou que os militares travassem uma guerra contra as cerca de 20 quadrilhas com vínculos com cartéis internacionais como o mexicano de Sinaloa.

Palencia liderou, juntamente com o ministro da Defesa, Gian Carlo Loffredo, o denominado bloco de segurança, que intervém nas áreas mais perigosas. Apesar da presença militar e policial, os sequestros, os homicídios e as extorsões continuam no país.

Noboa defende a gestão de sua ministra. Na véspera, o presidente cancelou uma viagem ao Brasil para acompanhar seu julgamento político. "Não vou deixar Mónica Palencia sozinha, vou acompanhá-la em todo o seu caminho", escreveu em sua conta na rede social X.

O presidente aspira à reeleição em fevereiro de 2025, após assumir o cargo para concluir o mandato de Guillermo Lasso, que dissolveu o Congresso e abriu o caminho para eleições antecipadas para escapar de um processo de impeachment por corrupção e em meio a um escalada da violência.

- "Peça-chave" -

Palencia chegou, nesta quarta, à sede do Legislativo, acompanhada do titular da pasta do Governo, Arturo Félix Wong.

Em uma coletiva de imprensa, o ministro da Defesa, Gian Carlos Loffredo, qualificou Palencia como uma "peça-chave" na luta contra o crime organizado e instou os legisladores a reconhecerem os "êxitos" na área da segurança.

O governo afirma que conseguiu reduzir em 17% o número de homicídios. Entre janeiro e outubro de 2023 houve 6.406 homicídios, enquanto no mesmo período daquele ano, foram reportados 5.295.

T.Batista--PC