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Ex-chefe da Inteligência venezuelana chega extraditado aos EUA
O ex-chefe de Inteligência Militar da Venezuela, Hugo "Pollo" Carvajal, que foi muito próximo do presidente Hugo Chávez, chegou nesta quarta-feira (19) aos Estados Unidos, onde é acusado de tráfico de drogas, armas e narcoterrorismo, o que pode lhe render o resto da vida na prisão, anunciaram fontes judiciais.
Carvajal "chegou hoje aos Estados Unidos para encarar a Justiça" que o acusa de ter "inundado" o país "com toneladas de drogas potencialmente letais", disse Damian Williams, promotor do distrito sul de Manhattan, onde ele será julgado.
O promotor garante que Carvajal, de 63 anos, "se aproveitou de sua autoridade como diretor de inteligência militar da Venezuela (DIM) para corromper as instituições venezuelanas, abusar dos venezuelanos e importar veneno aos Estados Unidos".
Segundo a Justiça americana, Carvajal foi um dos líderes, ao lado de outros funcionários venezuelanos de alto escalão, do cartel de Los Soles, pelo menos desde 1999.
Apenas em 2006, ele é apontado de ter coordenado com outros membros do cartel o envio de 5,6 toneladas de cocaína da Venezuela em um avião privado com registro nos Estados Unidos, cuja carga foi confiscada pelas autoridades mexicanas durante uma escala no México.
Além disso, Carvajal teria participado de um encontro em 2008 com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) no qual "acordaram que o cartel de Los Soles proporcionaria às Farc dinheiro e armas em troca de um aumento da produção de cocaína".
A Justiça americana o acusa de narcoterrorismo, conspiração para o tráfico de drogas e posse de armas, acusações que podem levá-lo a passar o resto de sua vida na prisão.
Nesta quinta, ele terá uma audiência de custódia perante o juiz Stewart Aaron.
"Os funcionários corruptos como Carvajal, que supostamente utilizam seus cargos para aceitar propinas e favorecer as atividades do narcotráfico, devem responder perante a Justiça com todo o peso da lei", afirmou a chefe da agência antidrogas dos Estados Unidos (DEA), Anne Milgram.
A extradição acontece um dia depois de a Audiência Nacional da Espanha - um alto tribunal do país - ter ordenado sua "entrega imediata" aos Estados Unidos, após o sinal verde do Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH), ao qual Carvajal tinha recorrido para evitá-la.
O venezuelano alegava que poderia ser condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos sem possibilidade de recurso.
A transferência põe fim à longa batalha judicial que o ex-funcionário travou para evitar ser entregue desde que foi preso na capital espanhola, em abril de 2019.
- Queda em desgraça e fuga -
Desde sua prisão em Madri, Carvajal tentou inúmeros recursos e, inclusive, ficou foragido por mais de 20 meses desde que a Audiência Nacional inicialmente aprovou sua extradição em novembro de 2019.
Em sua fuga, o general aposentado de 63 anos passou por cirurgias estéticas, usava bigodes e perucas postiças e mudava de endereço a cada três meses, segundo a polícia, que o prendeu novamente na capital espanhola em setembro de 2021.
Figura de peso no regime chavista durante anos, Carvajal foi criticado por Nicolás Maduro por ter apoiado publicamente seu opositor, Juan Guaidó, quando este se autoproclamou presidente da Venezuela em fevereiro de 2019.
Depois, deixou a Venezuela e seguiu de barco para a República Dominicana, de onde voou para a Espanha, país no qual acabou detido a pedido dos Estados Unidos.
As autoridades venezuelanas o acusam de traição, conspiração continuada, financiamento do terrorismo e associação criminosa.
O presidente do Parlamento da Venezuela, o poderoso líder chavista Jorge Rodríguez, pediu aos Estados Unidos que o entregassem.
"Espero que os Estados Unidos e a Espanha não tenham feito isso. Deveriam ter feito de acordo com os tratados de extradição que a Venezuela tem com diferentes países do mundo, entreguem à Venezuela um criminoso como Hugo Carvajal", disse ele em uma coletiva de imprensa.
O ex-chefe de Inteligência nega as acusações e, em uma carta aberta publicada nas redes sociais em 2021, afirma que "a pressão política dos Estados Unidos pode dobrar o Estado espanhol e eles acabem violando as leis que faltam para agradar os políticos gringos".
"Se isso acontecer, meu espírito permanecerá o mesmo. Ainda confio que a verdade e a justiça prevalecerão", concluiu.
F.Carias--PC