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Ucrânia reivindica reconquista de duas vilas
A Ucrânia anunciou neste domingo (11) que suas tropas reconquistaram duas localidades na região de Donetsk, no leste do país, em avanços iniciais de sua ofensiva contra o exército russo.
Nas últimas semanas, Moscou relatou combates especialmente intensos na frente sul. No entanto, o governo ucraniano mantém silêncio sobre sua estratégia e se recusa a confirmar se suas últimas ações militares fazem parte da ofensiva que seu exército vem preparando há meses.
"A vila de Neskuchne, na região de Donetsk, está novamente sob bandeira ucraniana", declarou o serviço estatal de guarda de fronteiras, junto com um vídeo que mostra as tropas ucranianas entoando "Glória à Ucrânia!" e "Morte aos inimigos!".
A notícia da libertação de Neskuchne vem apenas algumas horas depois da de Blahodatne pelos "soldados da 68ª brigada" na mesma região.
As forças terrestres também divulgaram um vídeo mostrando combatentes com uma bandeira ucraniana em um prédio destruído.
Blahodatne, que tinha menos de mil habitantes antes da guerra, está localizada na fronteira entre as regiões de Donetsk e Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia.
Segundo Valeriy Shershen, porta-voz da chamada Frente Tavria, que participou da operação, os ucranianos capturaram dois soldados russos e combatentes separatistas pró-russos.
Um avanço significativo das forças de Kiev na região de Zaporizhzhia poderia representar um grande revés para Moscou, caso a conexão terrestre entre a Rússia e a península da Crimeia, anexada em 2014, seja interrompida.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, foi evasivo no sábado sobre as ações do exército, mas indicou que havia uma "ação de contraofensiva" pela frente, recusando-se a dar mais detalhes.
"É preciso confiar em nossos militares e eu confio neles", afirmou o presidente, cujo país foi invadido pelas tropas russas em fevereiro de 2022.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse na sexta-feira que a grande contraofensiva ucraniana já havia começado.
- "Pior catástrofe ambiental" -
Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), sediado em Washington, no sábado as forças de Kiev haviam lançado ofensivas em pelo menos quatro áreas da linha de frente.
O Ministério da Defesa russo, por sua vez, indicou neste domingo que havia frustrado um ataque ucraniano contra um de seus navios de guerra no Mar Negro, próximo a dois gasodutos.
O ataque ocorreu contra o "Priazovie" e, apesar de Kiev ter implantado seis embarcações não tripuladas para alcançá-lo, Moscou afirmou que não sofreu danos.
No sul da Ucrânia, as operações de evacuação continuam após a destruição da represa de Kakhovka em 6 de junho, que causou inundações massivas.
A Ucrânia acusa a Rússia de ter detonado explosivos nessa barragem localizada no rio Dnieper, mas Moscou afirma que foi Kiev que atacou a estrutura com artilharia.
As autoridades ucranianas relataram sete mortes devido à enchente e ainda há 35 pessoas desaparecidas, incluindo sete crianças, nos territórios controlados por Kiev.
Nas áreas ucranianas ocupadas pela Rússia, as autoridades nomeadas por Moscou informaram esta semana oito mortos e 13 desaparecidos.
"Esta é a pior catástrofe ambiental desde Chernobyl", afirmou o procurador-geral da Ucrânia, Andrii Kostin, em referência ao acidente na usina nuclear em 1986.
Kostin visitou as áreas afetadas na região de Kherson, a maior cidade localizada próxima à represa de Kakhovka.
- Ataque a barco de resgate -
Junto a representantes do Tribunal Penal Internacional (TPI), ele afirmou que estavam "investigando [a catástrofe] não apenas como um crime de guerra, mas também como um ecocídio".
Em Kherson, a capital regional, a água começou a recuar em alguns bairros, mas em outras áreas as remoções de moradores continuavam, relataram jornalistas da AFP.
Os primeiros residentes que retornaram para suas casas puderam constatar a extensão dos danos. Um deles, Oleksiy Gesin, entrou em sua loja pela primeira vez em seis dias, armado com uma pá e galochas.
Ele sofreu perdas "consideráveis", segundo este comerciante de 60 anos. "Na loja, a água chegou ao meu peito", contou à AFP.
Além das inundações, três pessoas morreram e 10 ficaram feridas em um ataque a um barco que transportava evacuados da margem esquerda do rio Dnieper, informou Oleksandre Prokudin, governador da região de Kherson.
Um homem de 74 anos tentou proteger uma mulher com seu corpo quando os russos começaram a atirar. "Morreu por seus ferimentos", acrescentou em uma mensagem.
F.Cardoso--PC