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Exposição sobre mulheres no Oriente Médio abre nos EUA em meio à batalha sobre aborto
Uma exposição de mulheres e sobre mulheres do Oriente Médio será inaugurada na Califórnia neste fim de semana, em meio a uma dura batalha sobre o direito ao aborto nos Estados Unidos.
"Mulheres que definem mulheres na arte contemporânea do Oriente Médio e mais além" reúne criações de 42 pintoras, escultoras, fotógrafas que abordam as histórias pessoais de mulheres em sociedades islâmicas.
De acordo com os curadores, também busca desafiar os estereótipos sobre as mulheres orientais que predominam no Ocidente.
"Muitas pessoas creem que todas as mulheres passam pelo mesmo no Oriente Médio, que são todas invisíveis, que estão oprimidas e têm vidas horríveis", disse a curadora Linda Komaroff à AFP.
"E não é correto. É igual para as mulheres em todos os lados. Elas têm capacidade para agir e a utilizam", assegura Komaroff.
Aproximadamente 75 trabalhos são apresentados nessa exposição, que abre suas portas no domingo (23) no Museu de Arte de Los Angeles (LACMA).
A mostra inclui peças do Irã, um país onde se produziram recentemente fortes protestos protagonizados, sobretudo, por mulheres, após a morte da jovem Mahsa Amini em uma dependência da polícia.
A jovem havia sido detida por supostamente não utilizar de forma adequada o véu, de uso obrigatório.
Uma poderosa fotografia da iraniana Newsha Tavakolian mostra uma compatriota vestida com trajes tradicionais, além de um par de luvas de boxe.
Outra, da também iraniana Shirin Aliabadi, ilustra o toque rebelde da geração mais jovem ao retratar uma conterrânea que usa uma peruca loira e lentes de contato azuis e transmite uma atitude desafiadora ao inflar uma bola de chiclete rosa.
A exposição acontece justo quando os EUA volta seus olhos para o tema do aborto, após a Suprema Corte eliminar o direito constitucional à interrupção da gravidez no ano passado.
Nesta sexta-feira, a Corte deve se pronunciar sobre o acesso ao fármaco mifepristona, utilizado para abortar há décadas nos Estados Unidos e cuja prescrição e uso em todo país foi suspenso em 7 de abril por um juiz do Texas.
Tendo em conta esse contexto, apontou Komaroff, essa exposição chega em um bom momento.
"As coisas vão ladeira abaixo para as mulheres americanas no que se refere ao controle de seus próprios corpos", afirmou.
"As americanas foram complacentes. É fácil olhar outro país ou outra região e dizer: 'Estamos melhores do que elas'", comentou. "Mas talvez não estejamos. Talvez estejamos todas juntas no mesmo barco."
A exposição ficará em cartaz até 24 de setembro.
P.Queiroz--PC